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Eleições na Argentina: Massa e Milei vão para o 2º turno

Com 90% das urnas apuradas, o atual ministro da Economia Sergio Massa obteve 36,31% dos votos, contra 30,18% do ultraliberal Javier Milei. Já a candidata Patrícia Bullrich ficou em terceiro lugar, com 23,82% dos votos. Segundo turno está marcado para 19 de novembro.
Sputnik
As eleições presidenciais da Argentina serão definidas em segundo turno, a ser disputado no dia 19 de novembro, pelo atual ministro da Economia, Sergio Massa, e o ultraliberal Javier Milei.
Na votação deste domingo (22), Massa obteve 36,31% dos votos válidos, contra 30,18% de Milei. O percentual de votos obtidos por Massa surpreendeu analistas políticos, ficando acima do esperado. Já a candidata Patrícia Bullrich ficou em terceiro lugar, com 23,82% dos votos. Também participaram do pleito Juan Schiaretti (7%) e Myriam Bregman (2,66%). A votação foi encerrada às 18h.
O pleito atual é considerado um dos mais disputados já vistos na Argentina e contou com a participação de 74% do eleitorado do país.
As eleições ocorrem em meio a uma das piores crises econômicas da Argentina. O atual presidente, Alberto Fernández, decidiu não tentar a reeleição depois de um mandato conturbado, com a realização de novos empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), enfrentamento da pandemia e rompimento com a vice-presidente Cristina Kirchner. A líder da ala de centro-esquerda também apoia Sergio Massa.
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Os últimos anos no país foram marcados por uma dívida externa que chegou a US$ 276,69 bilhões (R$ 1,4 trilhão), além de uma das maiores inflações anuais do mundo, que hoje chega a quase 140%. Atualmente, 40% da população argentina vive em situação de pobreza e os partidos tradicionais enfrentam a ira dos eleitores.
No pleito deste domingo, também foram eleitos deputados federais, senadores (em oito províncias que escolhem senadores) e parlamentares do Mercosul.

Promessas para conter a crise

O pleito deste domingo foi para o segundo turno porque nenhum dos candidatos conseguiu mais de 45% ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais ou mais sobre o rival mais próximo.
Enquanto Milei aparece com a promessa de dolarizar a economia, acabar com o banco central do país e cortar gastos governamentais, Sergio Massa deve manter as mesmas políticas atuais. Para conseguir votos, o ministro anunciou cortes no pagamento do imposto de renda.
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Milei, um economista libertário, surpreendeu os pesquisadores quando assumiu a liderança da corrida eleitoral, vencendo as primárias de agosto com 30% dos votos.
Apoiada pelo ex-presidente Maurício Macri, Patricia Bullrich teve como principal promessa de campanha a austeridade, com intensos cortes de gastos públicos para vencer a crise na Argentina. Macri não conseguiu ser reeleito em 2019 e perdeu ainda no primeiro turno para Alberto Fernández, que teve mais de 48% dos votos válidos.
Analistas dizem que o fenômeno da ascensão de Milei segue a tendência de eleger políticos considerados antipolíticos pela população. Ele já foi comparado ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e ao ex-presidente dos Brasil, Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Sputnik Brasil na última semana, o cientista político e professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Paulo Velasco disse que Milei representa um desejo por ruptura com as figuras políticas tradicionais.
"Dá para fazer um paralelo, sim, com o que já vimos em outros países em contextos recentes, na Europa, nos EUA, no Brasil. A própria crise de representatividade política e o fato de os argentinos não se sentirem efetivamente bem representados pelos grupos políticos tradicionais, acaba, justamente, facilitando e abrindo espaço para o surgimento de personagens como Javier Milei, que se apresentam como uma ruptura, como algo novo, diferente, muito críticos à tradição política no país, críticos ao próprio sistema", enfatizou.
O candidato da extrema direita é contra o aborto e a educação sexual, e não acredita que os seres humanos sejam responsáveis ​​pelas alterações climáticas. Além disso, ele prometeu cortar relações com o Mercosul, o que preocupa o Brasil, principal parceiro econômico do país.
Já o ministro da Economia representa a coalizão peronista de centro-esquerda, voltada para a intervenção estatal e programas de bem-estar social.
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