As vidas de pelo menos 120 recém-nascidos mantidos em incubadoras estão em risco por conta da falta de combustível para gerar eletricidade na Faixa de Gaza. O alerta foi dado neste domingo (22), pelo Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês).
"Temos atualmente 120 recém-nascidos que estão em incubadoras, dos quais temos 70 recém-nascidos com ventilação mecânica, e estamos extremamente preocupados", disse o porta-voz do UNICEF, Jonathan Crickx.
O fundo destaca que a falta de energia gerada pela escassez de combustível é um dos maiores temores dos sete centros médicos da Faixa de Gaza especializados no tratamento de bebês prematuros. Os centros são responsáveis por fornecer apoio crítico para ajudar na respiração de bebês prematuros e outras condições críticas como, por exemplo, em casos que os órgãos não estão suficientemente desenvolvidos.
Cortes de eletricidade generalizados são frequentes e a previsão é que o combustível na Faixa de Gaza acabe nos próximos dias. Segundo o UNICEF, alguns hospitais já estão sem combustível para os geradores. Pessoas feridas em bombardeios israelenses e pacientes de rotina que necessitam de procedimentos regulares, como diálise, estão em risco.
A Faixa de Gaza se encontra sob bloqueio israelense, sem acesso a água, alimentos e combustível. No último sábado (21), 20 caminhões de ajuda humanitária entraram no enclave palestino, mas não havia combustível na remessa.
Neste domingo, bombardeios israelenses próximo à passagem de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, interromperam a entrega de ajuda humanitária.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) informaram que estão intensificando os ataques aéreos ao enclave para aumentar a segurança das tropas que serão destacadas para a incursão terrestre, que será a segunda fase da ofensiva israelense.
Também neste domingo, um ataque aéreo israelense contra dois prédios residenciais e uma mesquita no norte da Faixa de Gaza deixou pelo menos 13 mortos.
Israel não vai fornecer ajuda humanitária
Apesar de bombardear a Faixa de Gaza há 16 dias e destruir cidades inteiras do já devastado território, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a repetir que não vai transferir nenhuma ajuda humanitária para a região. Além disso, enfatizou que "impedirá qualquer fornecimento descontrolado [de alimentos, água e medicamentos] de outros países", relata a agência Haaretz.
Desde que a ofensiva israelense em retaliação ao ataque do grupo Hamas teve início, no dia 7 de outubro, 4.385 palestinos já perderam suas vidas, segundo a mais recente atualização divulgada no sábado, pelo Ministério da Saúde de Gaza. Do total, 1.756 eram crianças. No lado israelense, o número de vítimas fatais divulgado pelas autoridades israelenses é de 1,4 mil, a maioria no dia da incursão do Hamas.