Nesta terça-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre a guerra entre Israel e Hamas criticando a ofensiva israelense ao afirmar que "não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista que Israel tem que matar milhões de inocentes".
"Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade. Não é possível. Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. Os Estados Unidos poderiam ter uma interferência maior. Mas as pessoas não querem, as pessoas querem guerra", afirmou o presidente de acordo com o jornal O Globo.
Lula já havia classificado os ataques de 7 de outubro como terrorista, mas na semana passada, pela primeira vez, associou a definição ao Hamas, conforme noticiado. Na ocasião, chamou os ataques de "terrorismo" e "ato de loucura" e a reação israelense de "insana".
"Não tem exemplo na humanidade, de guerra, em que quem morre mais é criança, que não está na guerra. E crianças dos dois lados, que nós não queremos que morra ninguém. Eu conversei com todo mundo, ainda falta conversar com Xi Jinping [China], com o presidente da África do Sul e com o presidente do Catar", afirmou o mandatário brasileiro.
Em entrevista ao programa Roda Viva ontem (23), o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse que o Hamas precisa ser responsabilizado pelos ataques a Israel.
Apesar disso, deu a entender que o futuro da organização extremista pode ser dentro da política palestina.
"O Hamas tem que ser responsabilizado pelo que ele fez. Mas nós já vivemos situações no mundo em que o IRA era considerado terrorista e hoje faz parte do governo do Reino Unido […]", disse o ministro, referindo-se ao Sinn Féin, partido que já foi um braço político do grupo armado e no ano passado foi o primeiro colocado na eleição para a Assembleia de Belfast.
"Já vivemos situações em que o Nelson Mandela ficou 27 anos na cadeia acusado de terrorista e se tornou uma das maiores lideranças, um dos maiores estadistas do século 20. Como é que vai ser o futuro, o desdobramento, o papel do Hamas, se ele vai mudar, se vai mudar sua orientação, é o povo palestino que tem que fazer essa discussão", acrescentou Pimenta.
Também nesta terça-feira (24), o presidente da França, Emmanuel Macron, fez uma visita ao premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e propôs que uma coalizão internacional que luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) no Iraque e na Síria seja ampliada para incluir a luta contra o Hamas em Gaza.
Falando ao lado de Netanyahu em Jerusalém, Macron sublinhou que Paris e Tel Aviv compartilham o terrorismo como o seu "inimigo comum": "Esta batalha não é apenas nossa [...] é a batalha de todos", disse o líder segundo a Reuters.
"A França está pronta para a coligação internacional contra o Daesh, na qual participamos, para operações no Iraque e na Síria, para também lutar contra o Hamas", afirmou o chefe de Estado francês alertando para os riscos de um conflito regional, mas também declarando que a luta contra o Hamas "deve ser sem piedade, mas não sem regras".
Após encontrar com Netanyahu, Macron se reuniu com presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas.
Trinta cidadãos franceses foram mortos por militantes do Hamas no ataque ao sul de Israel em 7 de outubro, no qual mais de 200 pessoas foram detidas e 1.400 israelenses mortos. O Ministério da Saúde palestino afirma que os ataques aéreos israelenses em Gaza mataram mais de 5.000 pessoas desde então, relata a mídia.