Após sair do hospital para identificar os corpos de seus familiares, Dahdouh se revoltou com o bombardeio em sua residência e com a perda de sua família.
"O que aconteceu está claro. Esta é uma série de ataques direcionados a crianças, mulheres e civis", disse. "Não acreditávamos que a ocupação israelense não deixaria essas pessoas partirem sem as punir. E, infelizmente, foi isso que aconteceu. Esta é a área 'segura' de que falou o Exército de ocupação [de Israel]."
A população palestina costuma se referir às Forças de Defesa de Israel (FDI), como Forças de Ocupação de Israel (IOF, na sigla em inglês).
O neto de Dahdouh, Adam, foi declarado morto duas horas depois. Alguns membros da família conseguiram sobreviver ao ataque, incluindo Yehia, filho, e uma neta pequena. Outros membros ainda estão desaparecidos.
"A casa deles no campo de refugiados de Nuseirat foi atacada", explicou a Al Jazeera em um comunicado oficial em que denunciou o ataque israelense.
O local foi onde a família de Dahdouh procurou refúgio ao serem serem obrigados a se deslocar depois do bombardeio de seu bairro, seguido de avisos do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, para que os civis se dirigissem ao sul.
"É de partir o coração fazer reportagens sobre a família de Wael e ver como ele está partido. Ele acalma a todos. Ele fala conosco como um irmão mais velho, não apenas como um chefe de escritório", disseram os colegas de Dahdouh.
O apresentador árabe da Al Jazeera, Tamer Almisshal, disse que o assassinato de membros da família de Dahdouh faz parte do contínuo ataque israelense a jornalistas palestinos, especificamente de Dahdouh, chefe do escritório da Al Jazeera árabe em Gaza, a quem Almisshal se referiu como a "voz de Gaza".
"Wael Al-Dahdouh é um pilar no mundo do jornalismo e em Gaza. Durante anos, ele cobriu as ofensivas israelenses e as guerras em Gaza, os ataques a jornalistas e o assassinato de mulheres e crianças."
"Wael continuou a reportar sobre as atrocidades israelenses, apesar das ameaças contínuas contra ele e a sua família", disse Almisshal.
"A voz dele continuará – isso podemos garantir. Todas as nossas vozes continuarão e continuaremos a cobrir esse ataque para divulgar a verdade todos os dias."
Filho de jornalista da Rádio Al-Aqsa também foi morto no bombardeio
A agência de notícias palestina WAFA informou que o filho de Doaa Sharaf, do setor de rádio da agência, também foi morto no ataque aéreo israelense. Detalhes sobre a identidade e a idade da criança ainda não foram divulgados.
A WAFA citou testemunhas que afirmaram que aviões de guerra israelenses atacaram várias vezes a residência de Sharaf – localizada na área de Zawaida, a sul do campo de refugiados de Nuseirat.