Panorama internacional

Conflito em Israel é mais perigoso que 'crise dos mísseis cubanos', diz ex-analista da CIA

A recente escalada do conflito israelo-palestino, que já está em sua terceira semana, pode se deteriorar ainda mais se os países muçulmanos decidirem se envolver e se os EUA continuarem a ver a Rússia e a China como nações inimigas, afirmou à Sputnik o ex-analista da CIA, Larry Johnson, nesta quarta-feira (25).
Sputnik
Segundo o especialista, a situação "é mais perigosa do que a crise dos mísseis cubanos de 1962", afirmando ainda que é "simplesmente impressionante" o fato de "ninguém tirar o pé do acelerador".

"A cada dia que passa, estamos mais perto de colocar fogo no mundo", disse Johnson.

Na visão do ex-analista CIA, os principais países do mundo, como Rússia, China, Brasil, Índia, Paquistão e África do Sul estão "ficando fartos" do controle geopolítico norte-americano e que os "tradicionais aliados dos EUA no Oriente Médio", como Jordânia, Egito e Arábia Saudita ao "se recusam a receber ligações do presidente Joe Biden".

"Então, quando você soma tudo isso, [conclui-se que] estamos indo para uma colisão", afirmou Johnson.

O especialista também alertou sobre as repercussões a longo prazo do envolvimento do Irã e do Hezbollah no conflito, afirmando que ainda é possível um embate direto entre os EUA e o Irã. "É para aí que a coisa se dirige", disse.

"Israel insiste que continuará com um ataque terrestre a Gaza. E penso que se fizerem isso, no minuto em que o fizerem, veremos uma operação do Hezbollah [grupo militante baseado no Líbano] no norte", avaliou.

"Acho que a própria existência de Israel estará em risco se o Irã se envolver, porque o país não está em posição para travar uma guerra em duas frentes", destacou.
Para Johnson, o nível de perigo para Israel é tão grande, que a nação pode até mesmo recorrer ao uso de armas nucleares.
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Estados Unidos não aprenderam nenhuma lição no Oriente Médio e na Ucrânia

Larry Johnson repreendeu os políticos americanos por não terem aprendido nada com as últimas intervenções no Oriente Médio, sublinhando que o país "continua a acreditar que pode usar a força militar, ou ameaças, para coagir os outros a mudarem suas políticas nacionais".
Neste contexto, Johnson mencionou a criação do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), que disse ser "uma consequência direta das políticas dos EUA" no Iraque.
Ele também destacou as sanções como uma alternativa à "força militar", medidas restritivas que "têm tido agora exatamente o efeito oposto, particularmente em países como a Rússia".
"Em vez de enfraquecer a Rússia, tornou a Rússia muito, muito mais forte e realmente criou as bases para a erosão da ordem econômica financeira internacional que os Estados Unidos ergueram no rescaldo da Segunda Guerra Mundial. Portanto, não aprendemos nada."
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Paz só será possível com auxílio da Rússia e da China

Para Johnson, a única maneira que a região poderá ver uma solução pacífica será através de uma colaboração dos EUA com a Rússia e a China, insistindo que Washington deve parar de ver Moscou e Pequim como "inimigos".
Ainda assim, há um longo caminho a percorrer. "A primeira coisa que teria de acontecer é impor um cessar-fogo imediato, parar as operações militares e os ataques de ambos os lados", concluiu.
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