Segundo Imene, a saúde está à beira do colapso total no território, que abriga quase 2,3 milhões de habitantes. Por conta do conflito entre Hamas e Israel, o número de mortos já ultrapassa 8 mil e quase 18 mil ficaram feridos. "A população da Faixa de Gaza não tem acesso às necessidades mínimas de comida, água e segurança. Infelizmente, pelo 18º ano consecutivo, o povo precisa do básico, mas agora a situação humanitária é catastrófica", acrescentou.
Apesar da chegada dos primeiros comboios — em três dias foram mais de 100 caminhões com ajuda humanitária —, a representante da Cruz Vermelha lembra que é necessário que todas as partes trabalhem para que um número suficiente de alimentos, remédios e água atravessem a fronteira com o Egito. A ONU estima pelo menos 100 por dia.
"Apenas ajuda humanitária não é suficiente, porque os trabalhadores precisam de condições adequadas para receber, transportar e distribuir as doações dentro da Faixa de Gaza, o que requer um cessar-fogo e ações militares temporárias para que a população possa respirar e os serviços humanitários possam cumprir sua missão de prestação de ajuda", defendeu.
Situação é aterrorizante
A Cruz Vermelha classifica a situação em Gaza, que vive uma crise humanitária sem precedentes, como aterrorizante. "Todos os hospitais e centros restantes operam em condições impossíveis, o pessoal médico sofre de exaustão, faltam medicamentos, camas e suprimentos, e as salas de cirurgia estão quase totalmente destruídas. Hospitais não têm combustível e eletricidade necessária para operar, incubadoras de bebês podem parar a qualquer momento, muitos pacientes precisam de oxigênio e estão em risco devido à falta de recursos", resume a representante.
Um bombardeio chegou a atingir um dos principais hospitais de Gaza, na região norte do enclave, e terminou com pelo menos 500 mortos. Apesar de destruídas, as estruturas também são buscadas pelos palestinos como abrigo. "Não há banheiros, água potável, medicamentos, leite para crianças, nada", enfatiza Imene, que lembrou que a Cruz Vermelha não tem meios para proteger a população civil e suas equipes que atuam no território sob ataques intensos.
"Nossas equipes estão presentes na Faixa de Gaza e vivem nas mesmas condições que os habitantes locais. Muitas equipes de organizações humanitárias e médicas já foram mortas, o que é triste e inaceitável", declarou.
Cruz Vermelha atua para liberar reféns
Com cerca de 220 pessoas mantidas reféns pelo Hamas desde o ataque do dia 7 de outubro, a porta-voz da Cruz Vermelha alegou que a organização trabalha pela liberação, principalmente das mais debilitadas. "Estamos em contato com todas as partes interessadas, incluindo o Hamas. Lembro também que nosso objetivo desde o início era visitar todos os reféns, tentar abrir a porta para que eles se comuniquem com suas famílias. Estamos prontos para participar de todas as futuras operações de libertação", finalizou.
Nesta semana, a organização chegou a anunciar que 50 pessoas seriam liberadas pelo Hamas por motivos humanitários, mas a negociação falhou depois que Israel se recusou a entregar combustível ao movimento em troca do grupo.
Quase 20 dias de conflito
Na manhã de 7 de outubro, Israel sofreu um ataque com foguetes em escala sem precedentes a partir da Faixa de Gaza, anunciada pelo braço militar do movimento palestino Hamas. Depois disso, os combatentes do grupo entraram nas zonas fronteiriças no sul de Israel.
Por conta disso, Israel entrou em estado de guerra e os ataques aéreos foram iniciados. Em poucos dias, os militares assumiram o controle de todas as áreas povoadas perto da fronteira com Gaza e realiza bombardeios contra alvos, incluindo civis. Há expectativa de uma nova fase da guerra por terra, o que levaria à morte pelo menos 15 mil pessoas, estima a Autoridade Palestina.