"Mais do que isso é improvável", acrescentou.
Entre a população que deixou o país, 70% têm ensino superior e filhos, além de a maioria ser mulher em idade produtiva. Conforme a diretora, o retorno dos refugiados vai levar investimentos para o país e também moldar uma "imagem positiva" para os ucranianos que ainda vivem no exterior.
A operação russa no território dura 609 dias, e o governo de Vladimir Zelensky passou a ser alvo de críticas da população local. Entre os principais problemas estão o aumento da corrupção, com desvios da ajuda internacional, e a falta de efetividade da contraofensiva.
Enquanto isso, o país teve as eleições canceladas e ainda vive o fenômeno da despopulação. Isso tem gerado escassez de mão de obra e redução da densidade populacional, que, conforme Ella Libanova, é mais acentuada em determinadas áreas.
A expectativa é que a população da Ucrânia chegue a 35 milhões de pessoas até 2033. No fim do ano passado, a diretora do Instituto de Demografia e Estudos Sociais afirmou que 2023 seria um ano de declínio catastrófico na taxa de natalidade na Ucrânia. Posteriormente, o OpenDataBot, que agrega dados oficiais do país, informou que a taxa de natalidade na Ucrânia havia atingido o nível mais baixo em todos os anos.
Países querem pagar por retorno de ucranianos
Na Suíça houve polêmicas em torno da questão migratória, como um projeto que paga para que refugiados ucranianos retornem ao país de origem voluntariamente. Conforme dados suíços, 50% desses migrantes estão desempregados.
"Estamos considerando a possibilidade de fornecer assistência financeira inicial para motivar as pessoas a não esperarem até o prazo de partida. As quantias especificadas variam de 1 mil a 4 mil francos suíços [R$ 5.670 a R$ 22.690]", revelou o jornal suíço Swissinfo neste mês.
O valor estudado, por pessoa, é avaliado pelo plano para refugiados ucranianos 2024–2025. A expectativa, conforme o projeto, é que cerca de 70 mil pessoas retornem para a Ucrânia.
Jogo de empurra na crise migratória
A recente crise migratória trouxe de volta a divisão entre os europeus e o antigo jogo de empurra de país para país, um problema que não parece ter fim. Um dos países mais afetados é a Itália, que só em setembro recebeu 7 mil refugiados na ilha de Lampedusa, que tem pouco mais de 6 mil habitantes.
A primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, chegou a falar do abandono pelos demais membros da União Europeia na Assembleia Geral da ONU e ainda pediu uma "guerra global" contra o tráfico humano, que se aproveita do desespero das pessoas para lucrar.
Além da Itália, Grécia e Espanha pedem uma divisão mais justa dos refugiados entre o bloco, o que é rejeitado pelos demais países. A França chegou a sugerir a deportação para a África de pessoas que não possuíssem os requisitos necessários para obter visto de asilo por perseguição sexual, religiosa ou política.