De acordo com o Financial Times (FT), o político alemão de extrema-direita recém-eleito pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD) foi preso por sedição e posse de materiais nazistas, neste fim de semana.
Daniel Halemba, 22 anos, deveria assumir o seu lugar no parlamento estadual da Baviera por um mandato de cinco anos nesta segunda-feira (30), o que teria lhe dado imunidade parlamentar contra processos judiciais.
Os promotores da cidade de Wurzburg emitiram um mandado de prisão na sexta-feira (27), antes da nova sessão parlamentar. Halemba inicialmente não pôde ser encontrado, o que gerou temores de que ele escaparia da captura e tentaria tomar posse para evitar um processo.
A polícia o prendeu em Stuttgart, no estado vizinho de Baden-Wurttemberg, às 08h00 de hoje (às 04h00 de Brasília).
Segundo a imprensa alemã, o advogado de Halemba, Dubravko Mandic, disse que apresentou uma petição ao tribunal constitucional da Baviera para que a prisão do seu cliente fosse revertida, mas as autoridades alegam que o jovem candidato estava na mira dos promotores há várias semanas.
Em meados de setembro, a polícia de Wurzburg invadiu as instalações da controversa fraternidade estudantil Teutonia Prag, depois de vizinhos terem se queixado de ouvirem regularmente membros gritando "Sieg Heil" — uma expressão alemã que significa "salve a vitória" ou "viva a vitória", muito utilizada durante o período nazista em 1930. Na ocasião da operação policial, Halemba que é membro da fraternidade e líder da AfD Wurzburg, estava no local.
A polícia disse ter confiscado uma grande quantidade de materiais e que a operação "confirmou as alegações [feitas pelos vizinhos]". Halemba é um dos cinco membros do Teutonia Prag agora acusados de sedição e posse de objetos nazistas – o que é considerado crime, de acordo com a Constituição alemã.
A líder do grupo AfD no parlamento bávaro, Katrin Ebner-Steiner, acusou os investigadores de prosseguirem uma agenda "politicamente motivada" e de prenderem Halemba "por motivos frágeis".
O apoio da AfD na Baviera aumentou nos últimos meses, em um contexto de raiva crescente à política de imigração, à inflação e a uma economia estagnada. O partido obteve 14,6% dos votos no dia 8 de outubro, contra os 10,2% obtidos em 2018. Em Hesse, o partido de extrema-direita obteve 18,6% dos votos, se tornando o segundo maior partido político no parlamento estadual.