Mesmo com o início da chegada da ajuda humanitária há pouco mais de uma semana, a entrada de 150 caminhões com alimentos e remédios até o momento é insuficiente. Segundo Lazzarini disse à AFP, já são registrados saques em armazéns da agência por "palestinos desesperados por alimentos". Com isso, a atuação da maior agência da ONU em Gaza ficará "extremamente difícil ou mesmo impossível".
O órgão apresentou ao Conselho de Segurança da ONU, juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), relatórios sobre o quadro sombrio da situação humanitária em Gaza, que convive com bombardeios diários há 23 dias. Conforme o Ministério da Saúde da Palestina, mais de 8,3 mil pessoas morreram no território por conta da guerra, sendo 63% mulheres e crianças.
Já a diretora-executiva do UNICEF, Catherine Russell, disse que o número de vítimas inclui mais de 3.200 crianças mortas e pelo menos outras 6.300 feridas.
"Isso significa que mais de 420 crianças são mortas ou feridas todos os dias em Gaza, um número que deveria nos abalar profundamente", declarou ela.
Israel também foi criticado por interromper o fornecimento de alimentos, água, combustível e medicamentos a Gaza, além de cortar as comunicações e até a energia elétrica durante vários dias.
Lazzarini disse que o comboio que entrou em Gaza a partir da fronteira de Rafah com o Egito nos últimos dias "não são nada comparado com as necessidades de quase 2,3 milhões de pessoas presas em Gaza".
"O atual sistema para levar ajuda a Gaza está condenado ao fracasso", observou ele, "a menos que haja vontade política para um fluxo significativo de fornecimentos proporcional às necessidades humanitárias sem precedentes".
'Não há um lugar seguro'
O comissário-geral alegou ainda que não há um único lugar seguro em Gaza e alertou que haverá um colapso dos serviços básicos. As ruas também começaram a ficar tomadas por "esgoto, o que em breve causará um risco sanitário em grande escala".
Já a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, pediu a "libertação imediata e incondicional de todos os reféns", além de atender as necessidades humanitárias em Gaza. Porém, a embaixadora ratificou que Israel tem o direito de se defender do terrorismo. Segundo o país, há pelo menos 220 pessoas detidas desde o dia 7 de outubro.
"Isso significa que o Hamas não deve usar os palestinos como escudos humanos, um ato impensável de crueldade e uma violação das leis da guerra", afirmou a embaixadora.
Depois que o Conselho de Segurança rejeitou quatro propostas de resolução – entre elas a brasileira, que foi apoiada por 12 membros, mas vetada pelos Estados Unidos – as nações árabes recorreram à Assembleia Geral na sexta-feira (27), onde não há veto. O texto da Jordânia foi aprovado na entidade e pedia um cessar-fogo imediato, o que foi rejeitado por Israel. Dos 193 membros, a resolução foi apoiada por 120 países e teve 14 votos contrários, além de 45 abstenções.