Conforme fontes do governo chinês relataram à Sputnik, as prioridades de Pequim incluem "a questão do Oriente Médio e a paz sustentável".
Anteriormente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Wang Wenbin, disse que a postura é de justiça e imparcialidade, além de condenar os ataques que provocam a maior crise humanitária já vivida em Gaza, que tem quase 2,3 milhões de habitantes.
A China ainda se comprometeu a trabalhar em conjunto com a comunidade internacional para promover o cessar-fogo e a paz, além de garantir ajuda humanitária e a segurança da população civil. Só entre crianças, o número de mortos já passa de 3,2 mil e é maior que a média de todas as zonas de conflito no mundo desde 2019. Gaza sofre com bombardeios diários desde o dia 7 de outubro.
Nesta semana, Israel realizou uma incursão terrestre e há temor que os óbitos aumentem em mais de 15 mil, segundo a Autoridade Palestina. A ajuda humanitária chega a conta-gotas no território, que recebeu pouco mais de 150 caminhões com comida, água e medicamentos até o momento — para amenizar a situação, são necessários pelo menos 300 por dia, segundo a ONU.
Principal órgão das Nações Unidas, o Conselho de Segurança conta com 15 países, sendo cinco membros permanentes (além da China, fazem parte Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e outros dez rotativos (atualmente são Brasil, Emirados Árabes Unidos, Albânia, Gana e Gabão, eleitos para os anos de 2022 e 2023, enquanto Japão, Equador, Suíça, Moçambique e Malta foram eleitos para os anos de 2023 e 2024).
A presidência do Conselho de Segurança é rotativa e passa de um país para outro a cada mês. Durante o mês de outubro, foi ocupada pelo Brasil, que quase teve uma resolução aprovada. Apesar de ter aval de 12 membros, os Estados Unidos, que tem poder de veto, foram os únicos a rejeitarem. O texto pedia ajuda humanitária imediata, além da retirada dos civis, e na época o representante chinês disse que ficou “chocado” com a decisão americana que impediu o avanço da medida.
Na última sessão sob a presidência brasileira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou a paralisia do órgão frente ao maior conflito das últimas décadas.
"Minhas perguntas a todos vocês são: se não agora, quando? Quantas vidas mais serão perdidas até que nós finalmente passemos do discurso para a ação?", questionou.
Diretor da ONU fala em genocídio
Ainda nesta terça, o diretor do escritório em Nova York do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, Craig Mokhiber, que deixou o cargo para se aposentar, disse que Israel provoca um verdadeiro genocídio em Gaza.
Além disso, o líder afirmou que a entidade falhou, além de estar submetida aos interesses e pressão dos Estados Unidos.
"Mais uma vez, estamos vendo um genocídio se desenrolar diante de nossos olhos, e a organização a que servimos parece impotente para impedi-lo. O mundo está assistindo. Todos nós seremos responsáveis por nossa posição nesse momento crucial da história", disse na rede social X, antigo Twitter.
Oficialmente, a ONU não fala em genocídio, apesar de dizer que há crimes de guerra na região. Isso já levou Israel a suspender a emissão de passaportes para funcionários da entidade que iriam para o país.
Na América Latina, a Bolívia anunciou o rompimento das relações diplomáticas com Israel por conta do conflito. Trata-se do primeiro país que anunciou esta medida.
Para o governo de Luis Arce, o país comete crimes contra a humanidade durante ataques que atingiram até hospitais e campos de refugiados.
Conflito dura mais de 12 dias
A guerra começou no dia 7 de outubro, quando o movimento fez um ataque surpresa com foguetes em grande escala que atingiu o território de Israel. Além disso, militantes atravessaram a fronteira pela região Sul e provocaram milhares de mortes, além de sequestrar mais de 220 pessoas.
A maioria ainda segue sob o poder do Hamas. Uma das regiões mais pobres do mundo, Gaza tem mais de 80% da população na pobreza e sofre um bloqueio israelense por terra, ar e mar desde 2007.