A decisão do tribunal surge após o procurador-geral ter anunciado na semana passada que o seu gabinete está investigando as primárias e os membros da sua comissão organizadora por violações eleitorais, crimes financeiros e conspiração.
O governo denunciou supostas fraudes desde o dia da votação, ocorrida no dia 22 deste mês e que foi organizada sem ajuda estatal, atraindo mais de 2,3 milhões de eleitores.
Tanto a investigação como a decisão surgem a pedido do deputado José Brito, que, segundo o tribunal, queria participar nas primárias. Brito não pertence a nenhum dos partidos participantes, segundo a Reuters.
"Na sequência do pedido de tutela preventiva e em consequência, ficam suspensos todos os efeitos das distintas fases do processo eleitoral conduzido pela Comissão Primária Nacional", afirmou o órgão venezuelano citado pela mídia.
A oposição e a vencedora das primárias, Maria Corina Machado, insistiram repetidamente que a votação de 22 de outubro foi transparente e justa.
A decisão pode provocar a ira dos Estados Unidos, que este mês revogaram algumas sanções à indústria do petróleo e do gás e ao comércio de títulos em troca do acordo eleitoral, relembra a mídia.
O Departamento de Estado norte-americano já disse que restabelecerá as sanções se o governo de Nicolás Maduro não suspender as proibições a alguns candidatos da oposição e libertar prisioneiros políticos e estadunidenses "detidos injustamente" até o final de novembro.
"Pedimos a Nicolás Maduro e aos seus representantes que cumpram os compromissos que assumiram na assinatura do acordo sobre o roteiro político. O governo dos EUA tomará medidas se Maduro e os seus representantes não cumprirem os seus compromissos", disse um porta-voz do órgão.
Ainda sobre a suspensão, o tribunal pede que a comissão apresente todos os documentos relacionados com a sua criação, registo de candidatos, registos de votação e outros documentos, disse o tribunal. A comissão também deve prestar contas da participação de candidatos como Machado, impedido de ocupar cargos públicos em uma decisão que a oposição considera ilegal.
O governo de Maduro e a oposição assinaram um acordo eleitoral em Barbados há duas semanas, o qual o Brasil foi um dos mediadores, concordando com os observadores internacionais e que cada lado pode escolher o seu candidato de acordo com regras internas.