A medida abrange os portos de Itaguaí (RJ), do Rio de Janeiro e de Santos (SP), além dos aeroportos do Galeão (RJ) e de Guarulhos (SP). De acordo com o governo federal, será assinado um decreto para a GLO específica em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Nesses locais serão empregados, respectivamente, militares da Marinha e da Aeronáutica, na tentativa de combater o crime organizado. A GLO atende a um pedido por ajuda federal do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). A operação deve perdurar até maio de 2024.
"Esse decreto estabelece a criação de uma operação integrada de combate ao crime organizado e, por isso, estou fazendo esse decreto de GLO especificamente para o porto do Rio de Janeiro, porto de Santos, porto de Itaguaí, aeroporto do Galeão e aeroporto de Guarulhos", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O chefe do executivo nacional reuniu os ministros José Múcio (Defesa), Flávio Dino (Justiça) e Rui Costa (Casa Civil), além dos comandantes das Forças Armadas. O anúncio foi feito no Palácio do Planalto. Lula também afirmou que a Polícia Federal vai "ampliar" operações contra "quadrilhas e milícias" do Rio de Janeiro.
Durante coletiva, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, destacou que a medida visa "tirar dinheiro do crime organizado".
Durante o evento, o ministro Silvio Costa Filho, dos Portos e Aeroportos, ressaltou que a pasta está trabalhando em um plano nacional de segurança portuária e aeroportuária com foco no monitoramento das áreas de embarque de pessoas e cargas.
"Nós estamos dialogando com o governo federal e demais ministérios no sentido de apresentar um plano a nível nacional cujo objetivo seja combater o tráfego de drogas e armas. Estamos implementando o serviço de tecnologia que busca transparência, radares e câmeras de monitoramento", completou.
A Marinha ampliará a atuação, em articulação com a Polícia Federal, nos seguintes locais: Baía de Guanabara (RJ); Baía de Sepetiba (RJ); acessos marítimos ao Porto de Santos (SP) e Lago de Itaipu (RJ). Haverá, nos próximos meses, reforço de efetivo e equipamentos, com mobilizações extras na Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
As Forças Armadas atuarão em conjunto com a Polícia Federal. O Exército e a Aeronáutica também ampliarão a atuação nas fronteiras, em conjunto com Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal — em especial no Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Segundo Dino, há ligação logística com as facções que atuam no Rio e em São Paulo. Paraná e Mato Grosso do Sul fazem fronteira com o Paraguai, por onde investigações apontam que entram drogas e armas de grosso calibre no Brasil.
Crise no Rio
A declaração do uso da GLO surge em meio às crises que o Rio de Janeiro vem passando nos últimos dias, devido a ações de grupos criminosos. As medidas foram anunciadas quase dez dias após um grande ataque de milicianos, que incendiaram 35 ônibus e 1 trem no Rio. As ações foram uma resposta de criminosos pela morte de Matheus da Silva Rezende, o Faustão, um dos líderes da maior milícia do estado.
Na última semana, um suspeito de ser também chefe de milícia foi baleado durante ação da Polícia Civil. Marcelo de Luna Silva, de 34 anos, popularmente conhecido como Bokinha, seria, segundo informações da polícia, um dos homens de confiança de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia que atua no Rio de Janeiro e tio de Faustão.
Um dia após os ataques, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, sinalizou que, no momento, uma intervenção federal não estava na pauta da pasta. "Neste momento apostamos no SUSP [Sistema Único de Segurança Pública]. Apostamos no fortalecimento das relações interfederativas. Cada estado tem o seu papel. O policiamento ostensivo é responsabilidade do Estado."
Prisão de suspeitos de assassinar médicos
A Polícia Federal prendeu o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa e seu pai, Dalmir Barbosa, após uma operação na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Conforme a corporação, eles são suspeitos de chefiar uma organização paramilitar em Rio das Pedras, uma das mais antigas da capital fluminense.
Pai e filho também eram alvo de traficantes que executaram por engano três médicos — entre eles, o irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) —, também na Barra da Tijuca. As prisões aconteceram perto do Parque Olímpico de Jacarepaguá.
Além deles, três homens, sendo dois policiais militares da reserva e outro da ativa, também foram presos por organização criminosa. Eles faziam a segurança particular dos milicianos.
Taillon de Alcântara já foi preso em dezembro de 2020, durante operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro.
A semelhança física do miliciano com o médico Perseu Ribeiro Almeida, que participava com os outros colegas de um congresso de medicina, levou os traficantes a dispararem contra o grupo. Um deles foi levado ao hospital e sobreviveu. Além disso, Taillon mora próximo ao quiosque onde o crime aconteceu.
Os suspeitos de participarem da execução foram mortos pela própria facção criminosa em que atuavam. Os corpos de dois deles estavam dentro de veículos na Zona Oeste do Rio.