Panorama internacional

Colapso do iene obriga Japão a reduzir compras militares e pode impactar relação com EUA, diz mídia

A desvalorização do iene está forçando o Japão a reduzir seu histórico esforço de cinco anos no setor da defesa, como cortar compras de aeronaves novas. Ao mesmo tempo, faz com que o país tenha mais dificuldade em assegurar seus interesses e de aliados no mar do Sul da China.
Sputnik
No ano passado, Tóquio anunciou um plano ambicioso para sua defesa no valor de US$ 320 bilhões (R$ 1,5 trilhão), no entanto, desde que o plano foi revelado em dezembro, o iene perdeu 10% do seu valor em relação ao dólar.
Em entrevista à Reuters, três funcionários do governo – com conhecimento direto de compras de defesa – e cinco fontes da indústria disseram que o Japão começará a reduzir compras de aeronaves em 2024 devido ao iene fraco.
O Japão também desistiu de um plano para comprar dois hidroaviões US-2 da ShinMaywa usados ​​para missões de busca e salvamento depois que o preço por aeronave quase dobrou em comparação a três anos atrás, disseram duas outras pessoas familiarizadas com os gastos citadas pela agência britânica.
"O preço subiu consideravelmente, e isso ocorre porque o iene mais fraco e a inflação aumentaram significativamente os custos", disse um porta-voz da ShinMaywa.
Ao contrário das grandes empresas que fazem negócios no exterior, o Ministério da Defesa japonês não se protege contra as flutuações da taxa de câmbio, o que significa que tem poucos meios para mitigar o aumento do custo em ienes dos mísseis de cruzeiro Tomahawk e dos caças furtivos F-35, escreve a Reuters.
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Com os cortes no seu poder de compra, o país asiático também decidiu priorizar os gastos com armas avançadas de linha de frente fabricadas nos Estados Unidos, como mísseis, que poderiam deter o avanço das forças chinesas, disseram as oito fontes. Isso significa menos dinheiro em aeronaves de apoio e outros kits secundários, muitos deles fabricados por empresas japonesas.
Na visão de Christopher Johnstone, ex-funcionário da Segurança Nacional norte-americana e presidente do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais para o Japão (CSIS, na sigla em inglês), "qualquer sinal de que [o premiê japonês] [Fumio] Kishida obterá menos do que o previsto devido à sua farra de gastos militares poderá provocar desconforto em Washington sobre a capacidade do seu principal aliado de conter Pequim".
Tóquio compartilha a responsabilidade de proteger as bases dos EUA em seu território, da onde Washington poderia usar para lançar contra-ataques contra as forças chinesas que poderiam atacar Taiwan.
"Por enquanto, o impacto é modesto. Mas não há dúvida de que uma desvalorização a longo prazo do iene minaria o impacto da expansão do Japão e forçaria cortes e atrasos em aquisições importantes", disse Johnstone.
Quando anunciado no ano passado, Fumio Kishida descreveu o plano militar como um "ponto de virada da história", enfatizando que os gastos tinham como objetivo preparar a nação para um possível conflito em torno de suas ilhas remotas no mar do Sul da China em direção a Taiwan.
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