Panorama internacional

'Principal fator negativo': dependência de Israel dos EUA rompe relações sino-israelenses, diz mídia

No passado, a China e Israel mantinham relações bilaterais amigáveis, incluindo a venda de armas avançadas por Tel Aviv a Pequim. Entretanto, esse relacionamento enfraqueceu nas últimas décadas, devido à dependência de Israel dos Estados Unidos, de acordo com artigo do jornal South China Morning Post.
Sputnik
"Os Estados Unidos sempre foram o principal fator negativo que impediu o desenvolvimento das relações da China com Israel", disse o professor do Instituto de Estudos do Oriente Médio da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, Liu Zhongmin.
A cooperação entre a China e Israel agora se tornou extremamente sensível, já que a China se tornou a principal adversária dos Estados Unidos, afirmou, por sua vez, o especialista militar chinês Song Zhongping.
"A incapacidade de Israel de se libertar do controle dos EUA resultou na necessidade de sacrificar as relações com a China, de vez em quando, para preservar o relacionamento especial entre os EUA e Israel", explicou Liu Zhongmin.

No entanto, nem sempre foi assim

Antes de a rivalidade entre os Estados Unidos e a China alterar significativamente as relações das superpotências entre si, a China e Israel mantinham relações cordiais e laços militares estreitos, com Tel Aviv até mesmo vendendo armas avançadas para Pequim, ressalta a publicação.
Em janeiro de 1950, Israel se tornou o primeiro país do Oriente Médio a reconhecer oficialmente a República Popular da China.
Além disso, na década de 1980, um período de aquecimento das relações entre Pequim e Washington, Israel, juntamente com outros aliados dos EUA, vendeu armas modernas para a China.
Um dos casos mais famosos da década de 1980 foi a transferência de tecnologia dos mísseis ar-ar Python-3 de produção israelense. O Exército de Libertação Popular não só comprou essas munições para armar seus caças, mas também obteve uma licença para produzi-las no país.
Em 1996, Israel concordou em fornecer à China quatro sistemas aéreos de alerta antecipado e controle Phalcon, de US$ 1 bilhão (R$ 5,02 bilhões), para instalá-los em aeronaves de transporte Il-76 de fabricação russa.
No entanto, sob crescente pressão dos EUA, Israel cancelou esse acordo em julho de 2000. Essa decisão agravou as relações de Israel com a China e, ao mesmo tempo, complicou suas relações com os Estados Unidos, de acordo com a mídia.
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Em 2005, uma história semelhante ocorreu quando a China enviou de volta seus drones Harpy a Israel para modernização. Washington novamente se opôs ao acordo, ocasionando o cancelamento dele.
Assim, os intercâmbios de armas entre Israel e a China foram interrompidos.
No âmbito da ciência e tecnologia, Washington também exigiu que Israel limitasse ou proibisse a cooperação com a China para eliminar possíveis brechas, segundo o jornal.
"Os Estados Unidos têm destacado constantemente que grande parte da tecnologia de Israel, tanto militar quanto civil, contém [tecnologia americana], e todos esses intercâmbios de alta tecnologia não devem ser permitidos", disse Song Zhongping.
Além disso, o conflito palestino-israelense está acrescentando mais complicações às relações entre Tel Aviv e Pequim.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel expressou "profundo desapontamento" com a falta de condenação do Hamas por parte da China, e o enviado de Israel à ONU disse que estava "chocado profundamente" ao criticar o veto da China e da Rússia a uma proposta dos EUA no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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