De acordo com a Bloomberg, no Dia da Unidade Alemã (3), a polícia da cidade de Dresden impediu que um comício de extrema-direita fosse interrompido por uma multidão de manifestantes vestidos de preto tocando música techno e entoando slogans que condenavam o fascismo.
Segundo a apuração, centenas de apoiadores — em sua maioria mais velhos — do AfD desfrutavam de cerveja, salsichas e discursos para agitar a multidão no mês de outubro, quando seus opositores marcharam em direção ao encontro em uma praça no centro histórico da cidade oriental, com bandeiras de arco-íris e cartazes de apoio aos migrantes. Equipados com coletes à prova de balas, o pessoal de segurança do Estado garantiu que o impasse permanecesse pacífico, mas a situação cada vez mais recorrente é impossível de se ignorar.
Ao longo deste ano, a União Europeia (UE) tem sofrido com uma recessão persistente, e a Alemanha — a maior economia do bloco — tem sofrido ainda mais graças a uma crise de energia relacionada ao bloqueio do fornecimento de energia russo pela UE, e especialmente com um aumento da imigração, em um momento em que a exploração do sentimento de nacionalismo por partidos como o AfD vem sendo utilizado. Como resultado, cidadãos são direcionados ao conflito, questionando, sobretudo, a direção política de seu país.
Apesar de todo o esforço da cidade de Dresden no pós-reunificação da Alemanha, nada disso foi suficiente para conter o aumento do apoio ao AfD. Com o declínio das antigas indústrias e novas ondas de migrantes forçando mudanças na Alemanha fortemente atingida pelo aumento do custo de vida, cada vez mais frequente tem sido a manifestação apaixonada dos apoiadores e representantes do AfD.
"Não é a economia, estúpido", disse o representante do AfD no Parlamento Europeu, Maximilian Krah, à Bloomberg no comício em Dresden. "É fundamentalmente uma questão de identidade – quem é você? Este é o nosso país?"
A corrente política dominante na Alemanha tem lutado para encontrar uma resposta ao AfD, mas o partido de extrema-direita lidera as pesquisas na Saxônia, com eleições estaduais previstas para setembro de 2024, uma das três votações do próximo ano que lhe oferecem a oportunidade de reforçar o seu controle no leste da Alemanha, onde o seu apoio é mais forte.
Embora seja pouco provável que o partido obtenha apoio suficiente em qualquer um desses estados para governar sozinho, é provável que seja difícil formar coligações sem o seu apoio.
Ao contrário da maioria dos partidos de extrema-direita europeus, o AfD não costuma moderar suas posições à medida que se aproximava do poder. O apoio do grupo de dez anos é impulsionado pela sua oposição à imigração, mas outras políticas fazem soar o alarme para os aliados da Alemanha, incluindo o desejo de sair da união monetária europeia e construir laços mais estreitos com o Kremlin. Isto encoraja países como Hungria e Eslováquia, que questionam a ajuda à Ucrânia, enquanto poucos países pedem por uma saída diplomática para o conflito.