Chistyakov morreu enquanto comemorava seu 39º aniversário, nesta segunda-feira (7), quando recebeu algumas granadas de "presente".
Segundo o Ministério de Assuntos Internos ucraniano, o incidente foi causado pelo "manuseio descuidado" dos artefatos, descartando a possibilidade de assassinato.
Segundo reportou o ministério, com base nos relatos dos presentes, a granada foi encontrada pelo filho de 13 anos de Chistyakov, que começou a brincar com o objeto. O major, então, teria pegado o explosivo de sua mão e puxado o pino, fazendo com que a granada explodisse imediatamente.
Para Borzenko, esse é o principal indício de que a morte do major não foi acidental. "Isso não pode ser um acidente. Havia pelo menos cinco segundos para que se pegasse essa granada e se jogasse pela janela. Neste caso, a explosão ocorreu imediatamente", analisou Borzenko.
"Isso significa que a granada estava sem o moderador. Essas granadas [sem moderadores] geralmente são instaladas em fios que as detonam em zonas de combate", explicou.
Segundo Borzenko, esse foi um "óbvio atentado terrosrista", com Kirill Budanov e a Diretoria Principal de Inteligência (GUR, na sigla em ucraniano), órgão de inteligência das Forças Armadas da Ucrânia, por trás.
"É claro que [Vladimir] Zelensky [presidente ucraniano] está observando de perto, e sua inteligência está reportando a ele o que está acontecendo na liderança do Ministério da Defesa", continuou o especialista.
"Alguém deve ser responsabilizado pela ofensiva fracassada, por todas as forças desperdiçadas. E, naturalmente, todos os caminhos levam ao Ministério da Defesa, ou seja, a Valery Zaluzhny", disse Borzenko.
Morte de oficial ucraniano: recado a Zelensky?
Logo antes do acidente fatal, Zaluzhny deu uma entrevista à revista inglesa The Economist, em que declarou um impasse no conflito com a Rússia e que dificilmente haverá um progresso no campo de batalha.
As declarações teriam colocado o líder militar e o presidente ucraniano em posições opostas sobre como prosseguir com a campanha militar.
Zaluzhny afirmou que não queria ser o bode expiatório do fracasso do avanço ucraniano e que preza uma pausa nas ações militares.
Ele acrescentou que a Ucrânia deveria focar na defesa e tentar uma nova contraofensiva durante a primavera.
Já Zelensky acredita que uma redução nas ações de combate pode reduzir o fluxo de dinheiro vindo do Ocidente.
"De um lado está Zelensky, que nem serviu no Exército e não entende todos os meandros das operações de combate e precisa de um resultado puramente político. E do outro lado está Zaluzhny, que entende todas as dificuldades", ressaltou Borzenko.
"Naturalmente, Zelensky considera a possibilidade de que se forme algum tipo de força de oposição dentro do Ministério da Defesa. E se algumas pessoas importantes aparecerem apoiando Zaluzhny, então elas podem simplesmente ser 'removidas'", afirmou o especialista militar.
Chistyakov era o terceiro subordinado mais próximo do general depois do comandante das forças de defesa territorial das Forças Armadas, Igor Tantsyura, e do comandante das forças de operações militares especiais, Viktor Khorenko, ambos abruptamente demitidos no início do ano.