As comunidades em Taiwan estão lutando contra as medidas de demolição de templos ancestrais para dar lugar a mais fábricas de microchips.
A gigante Companhia Limitada de Fabricação de Semicondutores de Taiwan (TSMC, na sigla em inglês) abandonou os planos de construir uma nova fábrica perto de Hsinchu — o centro da indústria de chips da ilha — no mês passado, depois que um pequeno grupo de residentes protestou contra a compra compulsória de suas terras agrícolas.
A oposição aos planos surgiu na primeira audiência de planejamento em julho, quando manifestantes locais ergueram uma faixa com os dizeres "Parem a pilhagem de terras".
O professor de economia fundiária Shih-Jung Hsu, da Universidade Nacional de Chengchi, esteve presente na reunião e manifestou suas objeções ao plano.
"A sociedade taiwanesa se tornou uma sociedade estratificada", disse Hsu. "Pessoas ricas, a indústria de semicondutores, figurões… Eles podem possuir terras, podem saquear terras. Nós, pessoas comuns, que nos preparemos para o despejo a qualquer momento."
"Era como se eles estivessem sorteando uma torta grande, mas essa torta não era para nós", lembrou Chen Ting-Yen, colega residente, sobre a reunião. "Nossos primeiros ancestrais que vieram para Taiwan. Você quer que eu os desenterre?", adicionou ela. "Estas são as nossas raízes. As raízes não podem ser movidas."
Mas o governo de Taipé fez questão de apoiar a TSMC, a maior empresa de Taiwan e líder mundial na fabricação de chips, frequentemente apelidada de "a montanha sagrada da proteção" pela mídia local.
"A expansão da TSMC em Taiwan tem um significado estratégico para a economia e a segurança nacional de Taiwan", disse a ministra da Economia, Wang Mei-hua.
A disputa destacou as "cinco carências" perenes de Taiwan: terra, água, energia, mão de obra e talento.
Os EUA, o Japão e a Alemanha ofereceram incentivos à TSMC para expandir as suas operações no exterior às custas de Taiwan, onde 90% da sua produção ainda está concentrada.
"A terra limitada e a energia limitada de Taiwan sempre criaram muita pressão", disse Doris Hsu, CEO da GlobalWafers. "Além da TSMC, todas as empresas de tecnologia — quando desejam se expandir em Taiwan — devem considerar o terreno e se os residentes na área apoiariam a presença da indústria lá."