Quarenta e um jornalistas já morreram no conflito Israel-Hamas

O informe acrescenta que mais de um jornalista morre por dia na região desde que começaram os confrontos, há cerca de um mês. Na semana passada, a RSF apresentou uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra cometidos contra jornalistas palestinos em Gaza e contra um jornalista israelense que cobria o ataque do Hamas às comunidades de Israel. Essa foi a terceira queixa apresentada pela RSF ao TPI por crimes de guerra cometidos contra jornalistas na Faixa de Gaza.

Segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), esse é o conflito mais mortal em 30 anos para profissionais da imprensa na região. De acordo com a entidade, o número de jornalistas mortos no conflito Israel-Hamas em um mês é mais do que o dobro do registrado no conflito entre Rússia e Ucrânia em 20 meses. O número supera, ainda, a soma de todas as mortes registradas na série histórica, iniciada em 1992, em Israel e na Palestina.

O documento afirma que mais de 50 meios de comunicação em Gaza foram destruídos nesse último conflito envolvendo bombardeios no enclave, além de exigir "investigação prioritária por parte do procurador do TPI".

Israel cobra explicações de veículos de imprensa sobre 7/10

Também nesta quinta-feira (9), o Gabinete de Imprensa do Governo de Israel (GPO, na sigla em inglês) informou que o diretor, Nitzan Chen, enviou uma carta urgente aos escritórios regionais dos veículos de comunicação Associated Press (AP), Reuters, CNN e New York Times, exigindo esclarecimentos sobre o fato de seus fotojornalistas estarem perto de combatentes do Hamas durante o ataque de 7 de outubro a Israel e filmarem os eventos.

Ontem (8), a ONG HonestReporting, que monitora publicações de órgãos internacionais, divulgou um artigo que afirma que fotojornalistas das quatro agências filmaram e fotografaram combatentes do Hamas se infiltrando em território israelense e matando civis no dia 7 de outubro.

"O diretor do GPO, Nitzan Chen, exige explicações dos chefes dos escritórios da AP, Reuters, CNN e do New York Times sobre as descobertas perturbadoras do HonestReporting a respeito do envolvimento de seus fotógrafos nos eventos de 7 de outubro, que ultrapassam todas as linhas vermelhas profissionais e morais. Quatro fotógrafos que trabalham para essas redes documentaram os horrores perpetrados pelos terroristas do Hamas depois que romperam a cerca da fronteira com Israel. Eles filmaram o assassinato de civis, o abuso de corpos e o sequestro de homens e mulheres", escreveu o GPO no X (antigo Twitter).

A Embaixada israelense na Alemanha publicou dados sobre vários jornalistas de agências de mídia globais que acompanharam o Hamas durante o ataque de 7 de outubro a Israel, incluindo uma fotografia tirada pelo repórter Ali Mahmud, da AP, de Shani Louk, DJ que foi sequestrada e posteriormente morta sob custódia do Hamas.

"Aqui temos uma foto da AP tirada por Ali Mahmud, que documentou os sequestros de israelenses na Faixa de Gaza. Mahmud fotografou a picape com o corpo da cidadã de dupla nacionalidade germano-israelense Shani Louk, que foi brutalmente morta e exibida na Faixa de Gaza", escreveu a embaixada no X (antigo Twitter).

Panorama internacional

'Colapso inevitável': agressão israelense tenta matar qualquer vida na Faixa de Gaza, diz médico

9 de novembro 2023, 12:13

A Associação da Imprensa Estrangeira em Israel (FPA, na sigla em inglês) disse à EFE que "os jornalistas em questão não são membros" da associação e que decidirá "como agir mais tarde". A Reuters divulgou um comunicado em que nega qualquer conhecimento prévio do ataque de 7 de outubro.

"A Reuters nega categoricamente que tinha conhecimento prévio do ataque ou que tenhamos incorporado jornalistas ao Hamas em 7 de outubro", disse a agência de notícias. "As fotografias publicadas pela Reuters foram tiradas duas horas depois de o Hamas ter disparado foguetes contra o sul de Israel e mais de 45 minutos depois de Israel ter dito que homens armados tinham atravessado a fronteira", diz o comunicado.

A agência AP também divulgou um comunicado negando categoricamente ter tido qualquer informação prévia sobre o ataque do Hamas. Ademais, explicou que o jornalista que enviou as fotografias era independente e já não trabalha para a empresa.