Na quarta-feira (8), o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, se reuniu com o ex-presidente, Jair Bolsonaro, e com deputados bolsonaristas na Câmara dos Deputados para mostrar imagens dos ataques do Hamas contra israelenses no mês passado.
A reunião do embaixador com o ex-presidente não passou em branco no Itamaraty, uma vez que Zonshein cruzou de novo uma linha que não se cruza em diplomacia, segundo o portal Metrópoles.
O diplomata já havia criticado para a imprensa o governo brasileiro e agora se reuniu com um ex-presidente de oposição. O embaixador já foi chamado uma vez no Itamaraty, onde ouviu críticas às suas declarações, continua a mídia.
No entanto, mais do que uma sessão sangrenta de cinema, o evento teve o objetivo de gerar constrangimento para o governo Lula - que, desde o início do conflito entre Israel e Hamas vem se engajando em uma solução de cessar-fogo, instalação de corredores humanitários e diálogo para a paz, mas isso não interessa ao governo de Benjamin Netanyahu neste momento, sublinha o portal UOL.
O encontro irritou não apenas o Palácio do Planalto, mas o próprio Itamaraty, que vinha tentando acalmar o restante do governo diante da demora de Israel de liberar os brasileiros. Zonshine culpa o Hamas por isso. Segundo ele, é o grupo palestino que não deixa os brasileiros saírem de Gaza, conforme noticiado.
No entanto, ninguém no governo Lula acredita nisso, escreve o portal, e a reunião estimulou ainda mais o conflito entre apoiadores do ex-presidente e o atual governo, por conta da posição brasileira, crítica ao Hamas, mas também aos crimes de guerra israelenses.
No dia 1º de novembro, sessão semelhante foi organizada pelo Consulado de Israel em São Paulo, ao convidar jornalistas para assistirem às imagens. Neste dia, o cônsul-geral, Rafael Erdreich, mostrou impaciência quando questionado sobre o posicionamento de alguns presidentes da América Latina a respeito do conflito, dizendo que os líderes latino-americanos estavam "mal informados" sobre o que realmente estava acontecendo em Gaza.
Não é proibido um embaixador estrangeiro se reunir com a oposição de um país em que está, mas além do delicado momento vivido, não custa lembrar que a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas obriga que os representantes de país estrangeiros tratem de questões de Estado com o Ministério das Relações Exteriores, ressaltou a mídia.