"Moody's Investors Service alterou hoje a perspectiva das classificações do governo dos Estados Unidos da América para negativa, saindo de estável, e confirmou as classificações de emissor de longo prazo e de dívida sênior não garantida em AAA", informou a agência em comunicado.
Esta é a última da classificação de crédito excepcional, AAA, da agência, que tem sido mantida desde 1917. O principal fator por detrás da mudança nas previsões destacado pela consultora é a polarização política contínua no Congresso dos EUA, o que "aumenta o risco de que sucessivos governos não consigam chegar a um consenso sobre um plano orçamentário".
A Moody's citou vários eventos recentes que exemplificam a extraordinária divisão política nos Estados Unidos, incluindo a quase inadimplência no início deste ano, antes de o Congresso concordar com um aumento no limite da dívida:
"Com as taxas de juros subindo, sem medidas de política fiscal eficazes para cortar os gastos do governo ou aumentar as receitas, a Moody’s prevê que o déficit orçamentário dos EUA permaneça alto", escreveu a agência.
O rebaixamento ocorre em um período em que o país enfrenta problemas nas fronteiras, alta inflação, desemprego e financiamento milionários para Ucrânia e Israel. O tema dos gastos com a guerra já causa ruptura entre os próprios colegas de partido do presidente e gera impactos políticos, elevando o questionamento sobre as chances de reeleição do presidente dos EUA, Joe Biden.
De acordo com pesquisa realizada pelo Siena College e publicada, nesta semana, pelo jornal The New York Times, Donald Trump, favorito para obter a indicação republicana, está à frente de Biden em cinco dos seis estados-chave para as eleições gerais de 2024.
O principal motivo desse resultado seria o alinhamento da atual administração com o governo de Benjamin Netanyahu, após o ataque do Hamas à população israelense em 7 de outubro, que gerou uma ofensiva das Forças Armadas de Israel na Faixa de Gaza, que já matou mais de dez mil pessoas e deslocou cerca de 1,5 milhão de civis.