O secretário-geral da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, pediu nesta sexta-feira (10) uma investigação sobre o que chamou de uso por Israel de "armas explosivas de alto impacto" em Gaza, que ele disse estar causando destruição indiscriminada no enclave palestino sitiado.
Turk disse que Israel deve acabar com o uso de tais armas na área densamente povoada, onde vivem 2,3 milhões de palestinos, metade dos quais foram deslocados pelos combates no último mês.
"O extenso bombardeio israelense sobre Gaza, incluindo o uso de armas explosivas de alto impacto em áreas densamente povoadas [...] está claramente tendo um impacto humanitário e de direitos humanos devastador. Os ataques devem ser investigados [...] temos sérias preocupações de que estes constituam ataques desproporcionais, em violação do direito humanitário internacional", disse Turk em entrevista coletiva na Jordânia. No entanto, ele não especificou a quais armas ele estava se referindo, escreve a Reuters.
A autoridade das Nações Unidas ainda acrescentou que "qualquer uso por grupos armados palestinos de civis e objetos civis para se protegerem de ataques é uma violação das leis da guerra, mas tal conduta por parte dos grupos armados palestinos não isenta Israel da sua obrigação de garantir que os civis sejam poupados".
Solicitada a comentar, a missão permanente de Israel na ONU em Genebra disse: "Israel respeita sempre o direito humanitário internacional. Os terroristas não", disse a missão citada pela agência britânica.
Nesta sexta-feira (10), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que as Forças de Defesa de Israel (FDI) vão controlar a região após a guerra acabar, conforme noticiado.
A declaração do premiê aconteceu em uma reunião com prefeitos de cidades do sul de Israel em seu escritório em Jerusalém. A declaração de Netanyahu contraria os caminhos apontados pelos Estados Unidos sobre como a Faixa de Gaza ficará depois da guerra, segundo o The Times of Israel.
Nas últimas semanas, autoridades norte-americanas levantaram a ideia de que uma espécie de força internacional, possivelmente com tropas de aliados árabes vizinhos, administraria a segurança na Faixa de Gaza por um período provisório até que ela pudesse ser devolvida a um governo palestino funcional, o qual Washington espera que seja a Autoridade Palestina.
No entanto, nos seus comentários aos prefeitos do sul, Netanyahu parece rejeitar totalmente a ideia, sublinha o jornal.
Também hoje (10), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que "muitos palestinos morreram e sofreram" enquanto Israel trava suas operações. Blinken instou Tel Aviv a minimizar os danos aos civis e maximizar a assistência humanitária que chega até eles, segundo a AP News.
"É preciso fazer muito mais para proteger os civis e garantir que a assistência humanitária chegue até eles. Muitos palestinos foram mortos, muitos sofreram nas últimas semanas e queremos fazer todo o possível para evitar danos a eles e maximizar a assistência que lhes chega", afirmou.
Contudo, os prefeitos reunidos com Netanyahu hoje (10), expressaram o desejo de uma realidade de segurança diferente após o fim da guerra e instaram o premiê a não concordar com um cessar-fogo até que o "último terrorista em Gaza seja morto", relata o jornal israelense.
Washington e Tel Aviv sempre valorizaram sua parceria inseparável no Oriente Médio, entretanto, mesmo com o apoio norte-americano, há divergências crescentes entre algumas sugestões enviadas pela Casa Branca e as declarações emitidas pelo gabinete do primeiro-ministro israelense.
Estados árabes falam de uma crescente insatisfação com os Estados Unidos por seu suporte a Israel. A Casa Branca recebeu duros avisos de diplomatas dos EUA no mundo árabe de que seu forte apoio à violenta campanha militar de Israel na Faixa de Gaza "está nos fazendo perder o público árabe por uma geração", revelaram fontes citadas na quinta-feira (9) pela CNN.
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou a situação no Oriente Médio como uma tragédia humanitária e criticou o governo israelense por se valer do princípio da responsabilidade coletiva, punindo pessoas inocentes pelas ações do Hamas.