Sem previsão de um cessar-fogo, os ataques por terra e ar de Israel não têm poupado sequer escolas, hospitais e abrigos da Organização das Nações Unidas (ONU). Diversos países já pediram investigações contra Tel Aviv por crimes de guerra e contra os direitos humanos.
'Não há um lugar seguro', diz palestino
Para além de atender mais de 24 mil feridos, os hospitais em Gaza são usados como abrigo por milhares de pessoas que precisaram deixar suas casas. Porém, Israel já realizou vários bombardeios contra as unidades e, em uma delas, mais de 500 pessoas morreram em outubro.
A justificativa de Israel é que o Hamas usa as estruturas para coordenar ataques e também como esconderijo, principalmente o hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza — no início do conflito, outro hospital também foi bombardeado e quase 500 palestinos morreram na ocasião sob o mesmo pretexto israelense. Já as autoridades do movimento negam as acusações.
E tudo isso tem deixado a população de quase 2,3 milhões de pessoas em Gaza cada vez mais vulnerável. "Não há um lugar seguro, o Exército atingiu o Al-Shifa e não sei o que fazer", contou Abu Mohammad, de 32 anos, à AFP na sexta-feira (10). O palestino está entre os mais de 1,6 milhão que precisavam sair de casa e, sem alternativa, procurava abrigo no hospital, que inclusive está cercado por tanques israelenses. "Temos medo de sair", afirmou.
Uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, a Faixa de Gaza já vivia um bloqueio por terra, mar e ar de Israel desde 2007. Pelo menos 80% da população vive na pobreza e é extremamente dependente da ajuda humanitária, que antes do conflito enviava pelo menos 500 caminhões por dia, número que durante a guerra foi atingido em duas semanas.
Conforme a ONU, a destruição de bairros inteiros "não é uma resposta para os crimes atrozes cometidos pelo Hamas". Em um artigo de opinião, o chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, disse que a ofensiva israelense cria "uma nova geração de palestinos injustiçados que provavelmente continuarão o ciclo de violência".
Conflito dura cinco semanas
A guerra entre Hamas e Israel começou no dia 7 de outubro, quando o movimento lançou milhares de mísseis a partir da Faixa de Gaza e invadiu o território israelense por terra, em um ataque sem precedentes. Além disso, militantes realizaram uma incursão armada nas zonas fronteiriças do sul de Israel, com 1,4 mil mortes.
Em resposta, Tel Avi mobilizou mais de 300 mil reservistas, além de iniciar ataques aéreos contra o território palestino. Em 28 de Outubro, Netanyahu anunciou que as tropas entraram por terra em Gaza e avançaram para a segunda fase da guerra. O objetivo é destruir a infraestrutura do Hamas e localizar os mais de 240 reféns.
Muitos países já apelaram a Israel e ao Hamas para que cessassem as hostilidades e negociassem um cessar-fogo, além de uma solução de dois Estados como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.