"Acredito que um possível diálogo entre o embaixador de Israel no Brasil e as forças de oposição deveria ter sido feito de uma maneira muito mais discreta, de modo a evitar uma publicidade para as forças de oposição. O que eu insisto é que isso pode, sim, configurar intervenção nos assuntos internos do Estado. É uma situação extremamente delicada", frisa o analista, acrescentando que Daniel Zonshine pode ter desrespeitado o direito internacional previsto na Convenção de Viena, que rege as relações diplomáticas no mundo desde 1961.
Brasil pode adotar postura abertamente contrária?
"Faria com que o governo acabasse criando uma aresta desnecessária com esses grupos, no momento em que a política brasileira ainda é muito complexa, se ressente muito da polaridade dos últimos anos. Não vejo, portanto, o Brasil adotando nenhuma posição abertamente contrária a Israel", conclui.
Acusações de genocídio em Gaza
"A neutralidade não diz respeito a reconhecer ou não a existência de certos fatos, ela se perde quando o Estado toma parte do conflito. O Brasil poderia eventualmente reconhecer esse genocídio para dizer a Israel que há um fato ocorrendo na Faixa de Gaza e [que], por conta disso, é preciso sentar e conversar para tentar solucionar isso", enfatiza.