Sob a justificativa de que as estruturas são usadas pelo Hamas para coordenar ataques e também como esconderijo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) têm realizado ataques constantes contra os hospitais, principalmente na cidade de Gaza, a mais populosa no território. Enquanto recebia os corpos de mais de 50 pessoas mortas após o bombardeio a uma escola pelos israelenses, uma unidade na região foi atacada na última sexta-feira (10) e teve pelo menos 13 pessoas mortas.
Por conta do cerco israelense ao território, que impede a entrada de itens de necessidade básica — como combustível, usado para abastecer geradores —, os hospitais estão sem eletricidade. O conflito já dura cinco semanas e deixou mais de 11 mil palestinos mortos só na Faixa de Gaza.
No domingo (12), um representante do Hamas disse que cinco bebês prematuros e outros sete pacientes em estado crítico morreram no hospital Al-Shifa, o maior de Gaza, por falta de eletricidade. O vice-ministro da Saúde expressou preocupação com o caso e disse que o número de vítimas poderia aumentar. Ao todo, a unidade tem outros 39 bebês prematuros internados, que precisam de cuidados intensivos. Para mantê-los vivos, os enfermeiros têm realizado "massagens respiratórias manuais".
Um relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) revelou que os ataques constantes de Israel causaram grandes danos às áreas cruciais de unidades hospitalares destinadas às doenças cardiovasculares, além das maternidades. Desde o fim de semana a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que perdeu contato com funcionários do Al-Shifa, enquanto o Al-Quds deixou de funcionar também por falta de combustível.
Unidades usadas como abrigo
Só nas cidades ao norte de Gaza, mais de 1,6 milhão de pessoas foram obrigadas a deixarem suas casas por conta dos ataques israelenses. Sem alternativa, muitas têm usado os hospitais, que estão em situação de colapso, como abrigo. É o caso do Al-Shifa, que tem cerca de 7 mil pessoas refugiadas na unidade, além de 1,5 mil pacientes e extensa equipe médica.
Em entrevista à CNN, o chefe do centro médico, Mohammad Abu Salmiya, afirmou que as condições da unidade eram catastróficas por conta do colapso de estruturas essenciais atingidas pelos bombardeios. O Exército de Israel chegou a pedir que o local fosse evacuado na sexta, mas nem todos conseguiram deixar o centro de saúde.
Bairros inteiros destruídos
Uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, a Faixa de Gaza já vivia um bloqueio por terra, mar e ar de Israel desde 2007. Pelo menos 80% da população vive na pobreza e é extremamente dependente da ajuda humanitária, que antes do conflito enviava pelo menos 500 caminhões por dia.
Conforme as Nações Unidas, a destruição de bairros inteiros "não é uma resposta para os crimes atrozes cometidos pelo Hamas". Em um artigo de opinião, o chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, disse que a ofensiva israelense cria "uma nova geração de palestinos injustiçados que provavelmente continuarão o ciclo de violência".
A guerra entre Hamas e Israel começou no dia 7 de outubro, quando o movimento lançou milhares de mísseis a partir da Faixa de Gaza, em um ataque sem precedentes. Além disso, militantes realizaram uma incursão armada nas zonas fronteiriças do sul de Israel, com 1,4 mil mortes.
Em resposta, Tel Aviv mobilizou mais de 300 mil reservistas, além de iniciar ataques aéreos contra o território palestino. Em 28 de outubro, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, anunciou que as tropas entraram por terra em Gaza e avançaram para a segunda fase da guerra. O objetivo é destruir a infraestrutura do Hamas e localizar os mais de 240 reféns.
Muitos países já apelaram a Israel e ao Hamas para que cessassem as hostilidades e negociassem um cessar-fogo, além de uma solução de dois Estados como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.