O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, "expressou preocupação" ao seu homólogo israelense, Yoav Gallant, sobre as ações israelenses que servem para aumentar as tensões ao longo da fronteira israelo-libanesa, de acordo com um relato do portal Axios que cita três fontes israelenses e norte-americanas informadas sobre o telefonema entre Austin e Gallant, ocorrido no sábado (11).
O pedido surge em meio a relatos de preocupações em Washington de que Tel Aviv esteja deliberadamente tentando atrair o Hezbollah para a crise palestino-israelense, a fim de arrastar os Estados Unidos e outras potências para o conflito. Israel rejeitou tais alegações.
A leitura oficial do apelo de Austin a Gallant não mencionou o Líbano ou o Hezbollah, mas, parafraseando o chefe do Pentágono, "reafirmou o direito de Israel à autodefesa", ao mesmo tempo que enfatizava "a necessidade de conter o conflito em Gaza e evitar a escalada regional".
Em particular, a matéria ressaltava que Austin pediu especificamente a Gallant que não tomasse "medidas que pudessem levar a uma guerra total entre Israel e o Hezbollah", e para obter detalhes sobre os ataques israelenses contra os combatentes do Hezbollah, que a mídia israelense indicou terem se mostrado cada vez mais ineficazes.
As observações de Austin surgem no meio de preocupações expressas nesta segunda-feira (13) por Amir Ali Hajizadeh, um dos principais comandantes do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), de que a guerra contínua de Israel em Gaza já se espalhou para o Líbano e ameaça expandir-se ainda mais.
"Hoje podemos ver que a guerra se expandiu e o Líbano está envolvido nela. É provável que a extensão dos confrontos cresça ainda mais. O futuro é incerto, mas o Irã está preparado para todas as circunstâncias", disse Hajizadeh.
O brigadeiro-general, que comanda a poderosa Força Aeroespacial do IRGC, sublinhou que o Irã não tem medo dos Estados Unidos, que estacionaram dois porta-aviões e pelo menos um submarino com mísseis de cruzeiro no Oriente Médio e reforçaram as suas bases na região com milhares de tropas e aviões de guerra adicionais. "Os EUA não estão ameaçando o Irã […]. O Irã não está em uma posição em que alguém possa tentar ameaçá-lo, pois estamos atualmente no auge da nossa força militar", assegurou Hajizadeh.
Os comentários do comandante foram precedidos pelos do ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, que escreveu nas redes sociais na noite de domingo (12) que havia informado seu homólogo egípcio, Sameh Shoukry, de que o "regime israelense" havia "entrado em colapso em 7 de outubro e agora está vivo" apenas graças à "respiração artificial norte-americana".
Até agora, Teerã tem resistido aos esforços dos falcões neoconservadores em Washington e dos responsáveis em Tel Aviv para ser arrastado diretamente para a crise israelo-palestina, juntando-se, em vez disso, aos seus parceiros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no apelo por um cessar-fogo imediato em Gaza.
A administração Biden continuou a culpar o Irã pelas tensões regionais, acusando os seus "representantes" no Iraque e na Síria de terem como alvo bases dos EUA nesses países, e alegando que os militantes houthis no Iêmen que lançam mísseis e drones contra Israel são outro "representante" iraniano. O Irã rejeitou as acusações, sublinhando que não tem nada a ver com os ataques às bases dos EUA no Oriente Médio, e observando repetidamente que a sua cooperação com os houthis sempre se limitou ao apoio moral, dado ao duro bloqueio em torno do país.