Panorama internacional

Intenção de Israel sobre 'genocídio palestino' em Gaza 'é muito clara', diz jornalista

As ações de Israel na sitiada Faixa de Gaza foram denunciadas por muitos países em todo o mundo, com a Organização das Nações Unidas (ONU) e várias organizações de direitos humanos alertando para uma grave crise humanitária que se desenrola em meio aos contínuos ataques israelenses que mataram muitos civis.
Sputnik
À medida que as Forças de Defesa de Israel (FDI) avançam com o seu ataque ao grupo militante Hamas na Faixa de Gaza, independentemente do crescente número de mortos civis, a "intenção de genocídio dos palestinos de Israel é muito clara", disse a escritora e jornalista independente Eva Bartlett à Sputnik News.
"Eles estão sendo aniquilados. Israel quer literalmente empurrá-los para o mar e para fora de Gaza", disse a escritora. "Se não tivesse ocorrido depois de 7 de outubro, teria acontecido em outra ocasião", acrescentou. Bartlett, que esteve na Cisjordânia em 2007 como ativista, testemunhou, como ela descreveu, a "realidade infernal que os palestinos enfrentam todos os dias sob a ocupação israelense".

"O que estamos vendo agora, este genocídio em Gaza, é de longe o pior que Israel cometeu desde que retirou os seus colonos ilegais de Gaza, por volta de 2005. Mas [o país] tem cometido massacres em Gaza de tempos em tempos. Estive lá durante os massacres de 2009 e 2012, que foram horríveis", enfatizou, acrescentando que agora "é como os massacres israelenses com esteroides".

Após o início das hostilidades entre o Hamas e Israel no dia 7 de outubro, os bombardeios israelenses já mataram mais de 11 mil pessoas no território palestino, dos quais cerca de 40% eram crianças, segundo as autoridades de saúde do enclave.
Recentemente, surgiram relatos de testemunhas que afirmaram que, na sequência da violação da fronteira do Hamas, as forças das FDI se envolveram em bombardeios indiscriminados de edifícios, matando tanto israelenses como combatentes do grupo militante.
Neste momento, "precisamos de ações concretas para impedir o genocídio de Israel", insistiu Bartlett.
À medida que a guerra de Israel contra o Hamas se intensifica, os protestos pró-Palestina repercutem em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a administração Biden bloqueou unilateralmente os apelos de dezenas de países na ONU para instituir um cessar-fogo em Gaza no mês passado.
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"Temos até um alto comissário da ONU para os direitos humanos emitindo uma declaração dizendo que estão sendo cometidos crimes de guerra em Gaza. Bem, é claro que estão sendo cometidos em Gaza […]. Mas […] toda essa conversa sobre algum tipo de solução política, isso fica para mais tarde […]. Neste momento, precisamos nos concentrar no que Israel está fazendo em Gaza, também na Cisjordânia", disse a jornalista.

Uma cúpula conjunta árabe-islâmica, realizada no dia 11 de novembro na capital da Arábia Saudita, Riad, instou o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) a investigar "crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos por Israel contra os palestinos".
Em seu comunicado, os participantes rejeitaram as tentativas de Israel — ou dos seus apoiadores, como os Estados Unidos — de descrever a guerra de retaliação que está sendo travada em Gaza como "autodefesa ou justificá-la sob qualquer pretexto", e os instaram a "parar de exportar armas e munições" usadas por Israel para "matar o povo palestino e destruir as suas casas, hospitais, escolas, mesquitas, igrejas e todas as suas propriedades".

Eva Bartlett reconheceu que não tinha nada além de um cinismo geral em relação a órgãos internacionais como o TPI, porque eles "estão sempre trabalhando basicamente ao lado da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], de Israel ou de qualquer entidade beligerante que esteja promovendo a destruição […]. E eles também estão sendo usados como ferramentas contra, por exemplo, a Rússia ou, neste caso, a resistência".

A jornalista destacou, ainda, a urgência para que os órgãos internacionais façam alguma coisa, uma vez que "as pessoas estão morrendo de fome. Eles não têm água potável. Eles não têm remédios, não têm anestesia. Eles não têm eletricidade para o funcionamento dos hospitais. É isso que precisamos priorizar agora. Mais tarde, você poderá falar sobre soluções internacionais".
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