Na última semana, o democrata disse que não havia "nenhuma possibilidade" de parar os ataques. Uma pesquisa da Reuters/Ipsos divulgada mostrou que quase sete em cada dez americanos, ou 68% do total, acreditam que os EUA deveriam pedir um cessar-fogo em Gaza. Entre a população que apoia os democratas, dois terços são favoráveis à medida, enquanto o índice é de cerca de 50% entre os republicanos.
O levantamento entrevistou 1.006 pessoas até a última terça-feira (14) e mostrou que o apoio a Israel no conflito que já deixou quase 11,5 mil pessoas mortas em pouco mais de cinco semanas caiu em todos os segmentos. A divulgação das imagens da sangrenta ofensiva israelense, que não tem poupado sequer hospitais, escolas e abrigos da ONU, é uma das causas da queda.
Somente 32% dos norte-americanos defendem que o país deve seguir com a mesma política, ante 41% em outubro, quando a guerra foi iniciada após o ataque surpresa do Hamas a Israel que conseguiu driblar o sistema de defesa antimísseis.
Já 4% dos entrevistados afirmaram que os EUA devem apoiar os palestinos no conflito e 15% defenderam que o governo não deveria se envolver de forma alguma na guerra, números que permaneceram praticamente inalterados em relação ao mês anterior.
Apesar da popularidade com relação a um pedido de cessar-fogo entre a população e especialmente dentro do partido democrata, a grande maioria dos deputados do partido no Congresso não defende a medida. Na terça (14), vários legisladores democratas e republicanos falaram em um comício pró-Israel, quando os participantes se manifestaram contra o fim da guerra.
Enquanto isso, mais de 400 funcionários da administração Biden assinaram uma carta aberta exigindo que o presidente interviesse para que a guerra chegasse ao fim. No mesmo dia, 24 legisladores democratas, liderados pela representante de Nova York, Alexandria Ocasio-Cortez, assinaram uma carta pedindo "uma cessação imediata das hostilidades".
'Crimes de guerra ignorados'
O ex-funcionário do Departamento de Estado Josh Paul, que renunciou ao cargo em protesto, disse nesta quarta-feira (15) à AFP que os Estados Unidos ignoram intencionalmente os "crimes de guerra" de Israel na Faixa de Gaza.
Segundo ele, apesar de muitos funcionários estarem perturbados com as ações militares de Israel na ofensiva contra Gaza, que começou em 7 de outubro, após um ataque surpresa do Hamas, "fecham os olhos para as regras que regem as transferências de armas" mesmo com a intenção de violarem o direito internacional. Paul atuava no setor de transferência de armas
Paul atuou na supervisão das transferências de armas para aliados dos EUA, como Israel, por 11 anos. "É minha opinião que Israel está cometendo crimes de guerra em suas ações em Gaza agora. E não é apenas minha opinião. Eu realmente ouvi de funcionários em todo o governo, incluindo autoridades eleitas em um nível muito alto, que compartilham essa opinião, mas não estão dispostos a dizê-la em público", afirmou.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza após 7 de outubro. Em questão de dias, as forças militares israelenses tomaram controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos em diversos alvos, incluindo civis. Israel também anunciou um bloqueio total a Gaza: a entrega de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustíveis foi interrompida por um bom tempo.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por forças terrestres israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
O conflito, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e confrontos na região por muitas décadas. Uma decisão da ONU de 1947 determinou a criação de dois Estados, Israel e Palestina, mas apenas o Estado israelense foi estabelecido.