De acordo com o Global Times (GT), depois que o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak reorganizou sua equipe de liderança, é possível que ambos os lados trabalhem juntos para promover o desenvolvimento saudável e estável nas relações China-Reino Unido.
Segundo especialistas chineses, o currículo de Cameron como ex-primeiro-ministro britânico lhe confere maior visibilidade internacional e, portanto, faz dele um político que poderia potencialmente desempenhar um papel construtivo, tanto na reparação das relações do Reino Unido com a China como na reconstrução e avanço do pós-Brexit do Reino Unido.
Durante o mandato de primeiro-ministro de Cameron (2010-2016), a relação China-Reino Unido entrou no que foi chamado de "era de ouro", com aumento do comércio e do investimento. Quando o presidente chinês Xi Jinping visitou o Reino Unido em 2015, os dois líderes beberam cerveja juntos em um pub local.
Mas a abordagem pragmática de Cameron em relação à China no passado pode estar em desacordo com a posição cada vez mais dura dos conservadores hoje, e ele enfrenta agora uma situação geopolítica mais tensa e complexa, segundo a mídia.
Salientando a importância de o Reino Unido "apoiar os nossos aliados, fortalecer as nossas parcerias", Cameron publicou no X (anteriormente Twitter) na segunda-feira (14) que "trabalhar para ajudar a garantir a estabilidade e a segurança no cenário global é essencial e diretamente do nosso interesse nacional".
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, deu os parabéns em uma coletiva de imprensa de rotina na terça-feira, dizendo que o crescimento dos laços bilaterais estáveis e mutuamente benéficos atende aos interesses fundamentais de ambos os povos, ajuda ambos os países a responderem melhor aos desafios globais juntos e contribui para a paz mundial e desenvolvimento.
Para analistas ouvidos pela mídia chinesa, a diplomacia do Reino Unido ainda está atolada na "confusão pós-Brexit", e o grande jogo de poder também está influenciando o layout diplomático e estratégico do Reino Unido.
Depois que o ex-primeiro-ministro Boris Johnson chegou ao poder em 2019, a diplomacia britânica se tornou cada vez mais especulativa e, sem planejamento estratégico de longo prazo, aproximou-se dos EUA afastando-se de outras potências europeias.
Se o governo conservador do Reino Unido perceber que existem obstáculos e estiver disposto a melhorar os laços com a China, a experiência de Cameron e a sua visibilidade na China podem desempenhar um papel importante, disse o professor Cui Hongjian, da Academia de Governança Regional e Global da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.
De acordo com dados oficiais, durante o mandato de Cameron em 2014, o investimento direto da China no Reino Unido ultrapassou US$ 40 bilhões (cerca de R$ 194,6 bilhões), o Reino Unido também se tornou o maior destino de investimento da China na Europa e, nessa altura, o investimento direto acumulado do Reino Unido na China aumentou para US$ 20 bilhões (aproximadamente R$ 97,3 bilhões), com a taxa de crescimento mais rápida entre as principais potências da Europa.
Mas, para além das boas expectativas, Cameron deve ter um desafio importante pela frente, já que em seu primeiro discurso de política externa no início deste ano, Sunak anunciou que a "era de ouro" das relações China-Reino Unido tinha chegado ao fim.