Economista de 53 anos, uma das principais plataformas de governo de Milei é abandonar o peso argentino em favor do dólar norte-americano, além de fechar o banco central do país para interromper a inflação de três dígitos. Em outubro, o acumulado superou 142%, uma das mais altas do mundo.
A campanha terminou em Córdoba, a segunda cidade mais populosa da Argentina, quando foi recebido por milhares de apoiadores que seguravam bandeiras e aplaudiam enquanto ele criticava o governo.
Para o político da extrema-direita, essa é a eleição mais importante dos últimos 40 anos na Argentina, período em que a democracia foi retomada no país após décadas de ditadura militar. Com relação às críticas sobre suas propostas serem um "salto para o vazio", Milei tem questionado: "Que salto para o vazio você está falando, se já estamos a caminho do próprio inferno?".
14 de novembro 2023, 14:13
A candidatura do economista foi impulsionada pela grave crise que a Argentina enfrenta, intensificada ainda mais pela pandemia. Segundo ele, o país vizinho deve escolher entre o "populismo" da coalizão peronista ou "abraçar novamente as ideias de liberdade."
As últimas pesquisas apontam uma leve vantagem de Javier Milei sobre o candidato governista Sergio Massa, mas especialistas garantem que a disputa será apertada. Levantamento AtlasIntel divulgado na última semana mostrou Milei com 52,1% das intenções de voto, contra 47,9% de Sergio Massa.
"Aqueles de nós que estão aqui votam com esperança, não com raiva. Milei é uma mudança que nós argentinos precisamos. Se Massa vencer, nosso caminho é totalmente incerto", disse Cesar Andrada, 70 anos, à APF.
No primeiro turno, o argentino votou na conservadora Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar e declarou apoio a Milei.
Encontros reservados na reta final
Já Sergio Massa aproveitou a data final da campanha para encontros menores com empresários da Argentina, além de visitar uma escola. "Venho dizer a vocês que vamos defender e melhorar a educação pública, inclusiva e gratuita", afirmou. A campanha do ministro focou em mostrar Massa como o oposto do concorrente fervoroso.
"Vou votar no Massa porque sou contra o Milei, porque defendo os direitos humanos, a saúde e a educação. Desta vez, temos que votar pela democracia", disse Carolina Cova, 27 anos, à AFP.
Também na quinta (16), um grupo de mulheres realizou uma marcha semanal ao redor da Plaza de Mayo, em Buenos Aires, que lembra das crianças desaparecidas durante a ditadura militar argentina, entre 1976 e 1983. Quase mil pessoas participaram do ato contra o "negacionismo" de Milei, que chegou a questionar o número de mortes de 30.000 pessoas durante o regime.
Insatisfação com a elite política
A ascensão de Milei, que chegou a ser classificado como um "Jair Bolsonaro argentino", traz apreensão ao governo brasileiro. Isso porque o candidato defende a dolarização da Argentina, a ruptura com a China e o Brasil e países do BRICS. Em entrevista recente, o ministro da Economia, Fernando Haddad, admitiu que o governo brasileiro está preocupado com a possível vitória de Milei.
"É natural que eu esteja [preocupado]. Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um", disse Haddad.
Em entrevista à Sputnik Brasil em outubro, especialistas lançaram dúvidas sobre a capacidade de Milei de colocar em prática as medidas que defende para a retomada econômica da Argentina. Eles argumentam que a ascensão de Milei reflete uma insatisfação popular com as duas décadas de crise econômica no país e a incapacidade dos governos recentes de mudar a situação.
Em outras palavras, a escalada de Milei no pleito reflete um voto de protesto e desejo por mudança.