O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, disse que seu país pode recorrer a medidas alternativas, caso a diplomacia não consiga suspender o bloqueio de Israel à Faixa de Gaza. A declaração foi dada neste sábado (18), em entrevista à rede Al Jazeera.
"Estamos usando métodos diplomáticos para derrubar o bloqueio, mas existem outras medidas, caso a diplomacia não dê frutos", disse Fidan.
O ministro acrescentou que países árabes e islâmicos formaram um comitê sobre a diplomacia de Gaza após a cúpula em Riad, na Arábia Saudita, realizada na semana passada.
Na entrevista, o chanceler informou que a Turquia pode romper relações diplomáticas com Israel, mas considera que esta deve ser uma decisão simultânea, tomada por vários países islâmicos, para que tenha um impacto significativo.
"Desde o início do conflito, assumimos uma posição: as decisões devem ser tomadas simultaneamente, por muitos países islâmicos, países de todo o mundo, até mesmo na América Latina, para que sejam mais poderosos [os impactos causados]", disse Fidan.
Ele acrescentou que os países islâmicos devem apoiar-se mutuamente e agir como uma frente unida. Fidan destacou que, para Ancara, romper relações com Israel não é um problema, mas não faz sentido concentrar-se nessa questão no momento.
Fidan também falou sobre o Hamas, afirmando que o governo turco não considera o grupo como terrorista e que ele será uma das muitas organizações palestinas após a ocupação israelense na Faixa de Gaza.
"O Hamas é um movimento de libertação. Quando a ocupação israelense da Palestina e da Faixa de Gaza terminar, o Hamas será uma organização como outras organizações e partidos palestinos", disse Fidan.
Porém, ele destacou que a Turquia não apoia a violência contra civis, tanto palestinos quanto israelenses.
A Turquia vem elevando os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, bem como levantar o bloqueio israelense ao enclave. Na semana passada, o governo turco lançou um "ataque diplomático" para tentar promover o diálogo entre Israel e o grupo Hamas. A ideia é intensificar as conversas com os 45 países que se abstiveram de votar na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a situação em Gaza.
Ademais, a ofensiva israelense também causou acirramento nas relações entre os governos do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Erdogan já afirmou que Israel testa a paciência da Turquia ao sugerir um ataque nuclear contra a Faixa de Gaza e disse, na sexta-feira (17), que Israel tem armas nucleares, mas não quer admitir.