De acordo com o Financial Times (FT), o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán lançou uma consulta pública nacional em que pergunta sua população sobre a continuidade da ajuda da União Europeia (UE) a Kiev.
O plebiscito, que começou no último sábado (18) e deve durar até janeiro de 2024, traz 11 perguntas, dentre as quais, uma que relaciona o apoio do bloco europeu à Ucrânia aos fundos que ainda não foram enviados para Budapeste.
"Bruxelas quer ainda mais dinheiro para apoiar a Ucrânia [...]. Não deveríamos pagar mais para apoiar a Ucrânia até recebermos o dinheiro que nos é devido?", segundo a mídia.
Outras questões se concentram na restrição dos planos da UE para oferecer mais armas, dinheiro e uma via de adesão à Ucrânia, bem como na suspensão das importações de cereais ucranianos que vêm impactando fortemente os mercados locais.
A consulta — que pode ser respondida por escrito ou on-line — surge antes da cúpula de dezembro na qual os governos do bloco deverão chegar a um acordo sobre a continuidade do apoio à Ucrânia em um momento de preocupação com a estabilidade macroeconômica de Kiev.
Ainda segundo o FT, os eleitores húngaros também estão sendo questionados sobre a migração e o terrorismo.
Por toda a Hungria, há cartazes espalhados retratando à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e Alex Soros, filho do investidor norte-americano George Soros, com a mensagem: "Não vamos dançar ao som deles".
O porta-voz da comissão, Eric Mamer, na segunda-feira (20), declarou que apesar de ser uma campanha "mentirosa", von der Leyen estava tranquila e que o bloco europeu não tolera qualquer conduta "antissemita".
"Sabemos que esta não é a primeira vez, provavelmente não é a última", disse Mamer, referindo-se a cerca de uma dúzia de outras consultas públicas que o líder húngaro realizou até agora. "Temos crises para gerir, temos políticas para implementar. A Hungria faz parte da UE, senta-se à mesa."
Orbán foi reeleito no fim de semana como chefe do partido no poder, Fidesz – uma posição que ocupa quase sem oposição desde o início da década de 1990. Ele prometeu "dizer não ao modelo europeu de Bruxelas" e resistir "à invasão de migrantes [ou] à adesão prematura da Ucrânia à UE".