O Pentágono tem supostamente se esforçado para consertar embaraçosos contratempos na entrega de seus complicados F-35 devido a atualizações prejudicadas por problemas de software.
O Departamento de Defesa dos EUA está atualmente sendo forçado a considerar o upload de "versões provisórias" do software Tech Refresh 3 (TR-3) nos mais recentes F-35, informou um meio militar. O voo de estreia de um Joint Strike Fighter F-35 atualizado teria sido realizado na semana passada (13) com uma versão incompleta do software instalada. O voo ocorreu nas instalações da fabricante Lockheed Martin em Fort Worth, Texas.
Na sequência das atualizações do TR-3, está planejada uma modernização mais extensa, designada como Bloco 4. Os detalhes desse conjunto de novas capacidades são, obviamente, confidenciais. De acordo com relatos da mídia, ele vai permitir ao caça transportar uma carga maior de armas de precisão de longo alcance, ao mesmo tempo que vai aumentar as suas capacidades de guerra eletrônica. Desde que o Escritório Conjunto do Programa (JPO, na sigla em inglês) lançou a ambiciosa rodada de atualizações da aeronave de combate, o Bloco 4 tem surgido em relatórios governamentais, ensaios militares e técnicos. Na mídia, foi apelidado de plano secreto para tornar o caça F-35 "ainda mais letal". No entanto, escondido por trás das manchetes atraentes está o fato de que os problemas de desenvolvimento têm atormentado o programa.
O cronograma de entrega tem sido adiado cada vez mais. Originalmente, a Lockheed se gabou de que a entrega dos primeiros F-35 carregados com a atualização TR-3 poderia acontecer até o final deste ano. Agora, a realidade a obrigou a rever essa estimativa para algo entre abril e junho de 2024, de acordo com um comunicado da empresa à imprensa.
Os primeiros caças com hardware TR-3 saíram da linha de produção no final de julho, mas os problemas de software fizeram com que eles não pudessem realizar voos de verificação ou de "aceitação". Consequentemente, o Pentágono suspendeu as entregas.
"O JPO e a Lockheed Martin estão trabalhando com os serviços dos EUA e clientes internacionais em opções potenciais para fornecer aeronaves operacionalmente aceitáveis que provavelmente exigiriam futuras quedas de software para um subconjunto de capacidades para atender a todos os requisitos", disse uma declaração do JPO. Para além disso, o escritório reconheceu que uma decisão sobre a entrega dos F-35 com uma forma "provisória" de software TR-3 ainda não foi tomada por todas as partes envolvidas, incluindo clientes internacionais.
O caça F-35 é operado em diferentes variantes pela Força Aérea, Marinha e Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e está equipado com tecnologia furtiva antidetecção. Eles também são usados pelos Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), bem como por Israel, Japão, Coreia do Sul e Austrália, com outros países também assinando acordos para comprar os caças. No entanto, desde o início do programa F-35, ele vem sendo assolado por uma série de contratempos importantes, resultando em soluções dispendiosas. O F-35 ostenta a reputação nada invejável de ser não apenas caro (custando entre US$ 70 milhões e 90 milhões por unidade, de R$ 342,6 milhões a 440,5 milhões), mas também sujeito a erros e acidentes.
Um relatório de setembro do Gabinete de Responsabilidade do Governo (GAO, na sigla em inglês) dos EUA revelou que quase metade dos Joint Strike Fighters F-35 que deveriam estar operacionais não são capazes de voar. Segundo o documento, para manter as aeronaves operacionais será necessário um gasto de US$ 1,3 trilhão (aproximadamente R$ 6,3 trilhões).
"A taxa de capacidade de missão da frota F-35 – o percentual de tempo que a aeronave pode realizar uma de suas missões – foi de cerca de 55% em março de 2023, muito abaixo das metas do programa", disse o relatório, acrescentando que este nível de prontidão operacional foi "inaceitavelmente baixo".