O assessor especial para Assuntos Internacionais do presidente Lula foi enviado ao país vizinho depois de receber vídeos da campanha que preocuparam o Palácio do Planalto, de acordo com o jornal O Globo.
No dia 3 de dezembro, acontecerá um referendo consultivo convocado pela Assembleia Nacional venezuelana para que a população responda se o território deve passar a pertencer ao Estado bolivariano.
Além de alertar sobre o material de campanha em circulação, Amorim pediu ao presidente Nicolás Maduro que busque o diálogo e baixe o tom sob o argumento de que uma escalada da tensão entre a Venezuela e a Guiana pode criar "uma situação de instabilidade regional".
Em alguns dos vídeos recebidos, a defesa da anexação da "Guiana Essequibo" é feita de tal forma que "deixa a sensação de que a campanha está saindo do controle e, sendo assim, qualquer coisa pode acontecer", disse uma fonte sob condição de anonimato ao jornal.
O ex-chanceler, afirmou a fonte, foi fazer um alerta ao governo Maduro, mas sem pedir que o referendo não seja realizado.
Ao mesmo tempo, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo brasileiro dissuadisse Maduro de sua intenção de avançar sobre o território do país.
A solicitação guianesa somada ao tom da campanha eleitoral, que conta com o apoio de amplos setores da oposição venezuelana, aumentou a preocupação no Palácio do Planalto e no Itamaraty e levou Amorim a Caracas. O medo do Brasil, escreve o jornal, é de que a situação escape do controle do governo de Maduro.
Quando Amorim retornou na quarta-feira (22), o chanceler Mauro Vieira se referiu ao conflito: "O Brasil, assim como os outros países, fez uma exortação para o entendimento, a discussão diplomática e a solução pacífica das controvérsias, que devem ser dirimidas por arbitragem e tribunais internacionais, sempre que possível", afirmou o ministro.
No começo do mês, Caracas disse que presença militar dos Estados Unidos na Guiana ameaça região.
"A Venezuela rejeita veementemente o anúncio conjunto feito pela Guiana e o governo dos Estados Unidos, que relataram um aumento na presença militar na região, com o objetivo de proteger empresas energéticas norte-americanas, o que se torna a maior ameaça à estabilidade do Caribe e da América Latina", disse em comunicado oficial.