"Diante dos falsos rumores espalhados, queremos esclarecer que o fechamento do Banco Central da República Argentina (BCRA) não é um assunto negociável", informou o escritório em comunicado divulgado no X.
Durante a concorrida campanha presidencial, Milei acusou a instituição pela inflação galopante no país e pela desvalorização do peso argentino. Nos últimos 12 meses, a nação vizinha acumulou uma inflação de quase 143%, uma das maiores do mundo. Na América Latina, só perde para a Venezuela, cujo indicador está em 184%.
Com o fechamento do Banco Central, o futuro presidente argentino prometeu que vai levar entre 18 e 24 meses para conter o indicador. "Fechar o Banco Central é uma obrigação moral, e dolarizar [a economia] é uma maneira de nos livrarmos do Banco Central", declarou. Milei, no entanto, propôs que a moeda adotada por seu governo "seja aquela escolhida pelos indivíduos", durante entrevista à rádio argentina Continental.
Rumores sobre a promessa
Os rumores sobre o possível descumprimento da principal promessa eleitoral de Milei cresceram após o nome do ex-ministro das Finanças da Argentina Luis Caputo ser cotado para a pasta da Economia. Caputo também foi presidente do Banco Central no governo de Mauricio Macri.
Antes do fechamento, Milei deve colocar no comando Demian Reidel, que já atuou como segundo vice-presidente e membro do Conselho de Administração da instituição monetária.
O indicado para ocupar o cargo seria Emilio Ocampo, idealizador do fechamento da organização, mas ele recusou. A decisão foi tomada justamente por conta da possível indicação de Luis Caputo, que não concorda com a liquidação do banco.
Milei venceu as eleições com outras propostas polêmicas, como a total dolarização da economia, além de agressivo ajuste fiscal, relaxamento das leis laborais, privatização de empresas públicas e corte pela metade do número de ministérios.
Economia prejudicada
Analistas entrevistados pela Sputnik nesta semana deram suas opiniões sobre a vitória do candidato de direita nas eleições da Argentina.
Sobre as consequências geopolíticas dos resultados das eleições, Alejandro Martínez Serrano, professor de relações internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e da Universidade La Salle, crê que se pode esperar um alinhamento com os EUA e a Europa diante de diferentes fenômenos internacionais, como os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.
O acadêmico também vê a possibilidade de Milei reverter o processo de adesão da Argentina ao BRICS, que deve ocorrer no próximo ano. A posse do novo presidente do país sul-americano ocorrerá em 10 de dezembro.