Os líderes da União Europeia (UE) não devem favorecer a Ucrânia em detrimento dos países dos Bálcãs Ocidentais quando decidirem, em dezembro, se abrirão as negociações de adesão ao bloco, argumentou o ministro das Relações Exteriores da Áustria.
Em 8 de novembro, a Comissão Europeia recomendou ao Conselho Europeu a abertura de negociações de adesão com a Ucrânia e a Moldávia, e apoiou a abertura de negociações com a Bósnia e Herzegovina "assim que o grau necessário de cumprimento dos critérios de adesão tenha sido alcançado".
A Albânia, Bósnia e Herzegovina, a Macedônia do Norte, Montenegro e a Sérvia são os países candidatos à adesão para a UE. Kosovo apresentou seu pedido de adesão em dezembro de 2022. Espera-se que os líderes da UE decidam em uma cúpula em dezembro de 2023 se aceitam a recomendação da Comissão.
Em entrevista publicada na quinta-feira (24) no jornal britânico Financial Times, Aleksandr Schallenberg alertou para um "desastre geoestratégico" se a Comissão Europeia olhar para os países dos Bálcãs "com uma lente de aumento" e ao mesmo tempo olhar para a Ucrânia "com óculos cor-de-rosa".
"Não se pode ter certos grupos na faixa rápida e outros na faixa de serviço", advertiu ele, questionando o tratamento preferencial da Ucrânia devido ao conflito com a Rússia.
"Temos que começar uma guerra nos Bálcãs para chamar atenção deles?", perguntou ele, citando as palavras de Edi Rama, primeiro-ministro da Albânia, que no final de agosto propôs, em tom de brincadeira, que se deveria "atacar" os países dos Bálcãs Ocidentais para que pudessem conseguir uma adesão mais rápida.
Ele pediu que a UE não permitisse que a Rússia e a China aumentassem sua influência na região.
"Temos que enviar um sinal a terceiros: esses países são nossos, fazem parte de nossa família", disse ele, alertando sobre as consequências de negociações paralisadas com a Sérvia, que tem um relacionamento próximo com Moscou.
"Pela primeira vez, temos pesquisas na Sérvia em que a maioria relativa não é mais a favor da UE. Isso deveria fazer soar o alarme de todos nós. Estamos perdendo-os", sublinhou.