Os libertos seguiram para o posto de controle de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito, e depois serão recebidos em hospitais para atendimento médico.
Antes dos acordos, mediados pelo Catar e pelo Irã, pelo menos 220 reféns eram mantidos em cárcere pelo Hamas.
Além da trégua de quatro dias para a chegada de ajuda humanitária a Gaza, onde mais de 1,6 milhão de pessoas precisaram deixar suas casas e muitas ficaram em abrigos improvisados sem água potável e comida suficiente, o movimento pediu que três palestinos sejam libertados das prisões israelenses para cada refém entregue a Israel.
Ao todo, devem ser libertados 50 reféns israelenses durante a trégua, que vai até segunda-feira (27). Outros 11 tailandeses também devem ser libertados nos próximos dias, segundo o Al-Araby al-Jadeed.
O conflito no Oriente Médio já dura cerca de seis semanas e provocou a morte de mais de 14,8 mil palestinos e cerca de 1,2 mil israelenses.
Hospitais em péssimas condições
Por conta dos bloqueios de Israel, que impedem a chegada de combustível suficiente para alimentar os geradores de hospitais, centenas de pessoas já morreram nas unidades por falta de condições básicas e até remédios. A expectativa é que caminhões com combustíveis e gás consigam amenizar os estoques da Faixa de Gaza durante a trégua.
As FDI também deixaram as instalações do hospital Al Shifa, o maior do território, por conta do acordo. A unidade sofreu diversos ataques por Israel sob a justificativa de que era usada pelo Hamas como centro de controle. Todas as estruturas hospitalares da região norte de Gaza ficaram sem funcionar diante dos bombardeios sem fim.
Já as unidades de saúde restantes no sul lutavam para ajudar milhares de pacientes gravemente doentes mesmo sem suprimentos médicos necessários. Centenas de cirurgias chegaram a ocorrer sem anestesia, dificultando ainda mais a recuperação das pessoas. Há ainda relatos de doenças infecciosas se espalhando nas unidades e também em abrigos superlotados administrados pelas Nações Unidas.
Guerra pode durar mais dois meses
Israel declarou guerra ao Hamas no dia 7 de outubro, quando foi alvo de ataques sem precedentes vindos da Faixa de Gaza que conseguiram driblar o sistema de defesa antimísseis.
Em resposta, as FDI iniciaram uma operação contra o Hamas. Em poucos dias, os militares tomaram o controle de todas as localidades na fronteira com Gaza e começaram a realizar ataques aéreos contra alvos, incluindo civis, no território do enclave. Além disso, o país anunciou o bloqueio total da Faixa de Gaza, interrompendo o fornecimento de água, alimentos, eletricidade, medicamentos e combustível.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por tropas israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o cessar-fogo na Faixa de Gaza é uma "pausa breve" do conflito e que, em seguida, os combatentes continuarão no local de "modo intensivo" por pelo menos mais dois meses.
"Esta será uma pequena pausa, após a qual os combates continuarão a agir intensamente e a pressão será criada para devolver mais sequestrados. Esperamos pelo menos mais dois meses de combates", disse Gallant em uma base militar israelense na quinta-feira (23).
O conflito palestino-israelense, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e conflitos na região por muitas décadas. Uma decisão das Nações Unidas de 1947 determinou a criação de dois Estados, Israel e Palestina, mas apenas o israelense foi estabelecido.