Panorama internacional

Netanyahu só seguirá no poder se mantiver guerra na Faixa de Gaza, diz analista israelense

Em queda livre de popularidade desde o início da guerra que já deixou mais de 14,8 mil palestinos mortos só na Faixa de Gaza, a única forma de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, continuar sua carreira política e permanecer no poder é prosseguir com a operação militar contra o Hamas, afirmaram especialistas israelenses à Sputnik.
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De acordo com uma pesquisa do Keshet 12 de Israel, publicada em 16 de novembro, caso as eleições fossem hoje, a coalizão liderada por Netanyahu teria apenas 45 assentos no Knesset, a Câmara dos Deputados de Israel, enquanto o bloco da oposição conquistaria até 70% dos assentos.
Ainda segundo o levantamento, cerca de 45% dos entrevistados preferem ver Benny Gantz — um general aposentado do Exército que atua como ministro sem pasta desde 2023 — como premiê do país, enquanto só 25% votariam em Netanyahu.

"O apoio ao governo liderado por Netanyahu é muito baixo, menos de 20%. O nível de apoio ao Exército é muito alto, de mais de 90% no momento. Com baixa popularidade, você não pode começar ou encerrar uma guerra, só pode continuar", disse Ze'ev Khanin, especialista político israelense da Universidade Bar-Ilan, localizada em Ramat Gan, à Sputnik.

Os combates entre as tropas israelenses e o Hamas foram interrompidos nesta sexta-feira (24) pela primeira vez desde o início do conflito, no dia 7 de outubro, em uma trégua que vai durar quatro dias para a libertação de reféns e a chegada de ajuda humanitária.
"Por outro lado, a baixa classificação significa que Netanyahu terá que ganhar pontos a nível nacional. Entre os israelenses, o nível de apoio para a continuação da operação militar contra o Hamas é sem precedentes. Ele sabe disso", disse Khanin.
O apresentador de TV, editor e roteirista israelense Vladimir Beyder ecoou os comentários de Khanin em uma entrevista à Sputnik e disse que os israelenses apoiam um cessar-fogo humanitário condicional em Gaza para libertar os reféns, mas exigem que a guerra contra o Hamas continue, mesmo com a pressão internacional.
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"Todos nós esperamos que a guerra contra o Hamas continue. Em Israel, não apoiamos um cessar-fogo incondicional. As pausas humanitárias diárias devem ter um caráter limitado para libertar os reféns. Os israelenses não aprovarão o fim da guerra neste estágio", disse ele.
No entanto, Beyder argumentou que motivos políticos, incluindo a tentativa de Netanyahu de evitar ser responsabilizado pelos fracassos de 7 de outubro e salvar sua posição, desempenhariam um papel fundamental na decisão de continuar a guerra ou declarar uma trégua. "Quando se trata da segurança do país, os motivos políticos ficam em segundo plano", disse ele.

Pressão pela renúncia

Pesquisas recentes apontam que quase 80% dos israelenses acreditam que Netanyahu deveria renunciar, mas somente após a guerra. Isso por conta do fracasso em garantir a segurança do país durante o ataque-surpresa do Hamas.
Israel declarou guerra ao Hamas no dia 7 de outubro, quando foi alvo de ataques sem precedentes vindos da Faixa de Gaza que conseguiram driblar o sistema de defesa antimísseis, além de uma incursão terrestre que provocou pelo menos 1,2 mil mortes.
No final de outubro, começou a fase terrestre da operação israelense no enclave. A cidade de Gaza foi cercada por forças terrestres israelenses, e o enclave foi efetivamente dividido em partes sul e norte.
O conflito palestino-israelense, relacionado a interesses territoriais, tem sido fonte de tensões e conflitos na região por muitas décadas. A decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1947 determinou a criação de dois Estados, Israel e Palestina, mas apenas o israelense foi estabelecido.
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