Os bloqueios realizados por caminhoneiros em protesto na fronteira polonesa-ucraniana causaram caos no trânsito, em resultado do qual dois motoristas já morreram, acusou na sexta-feira (24) em uma entrevista o vice-ministro de Infraestrutura da Ucrânia.
Milhares de veículos se amontoaram em filas que se estendem por até 40 quilômetros, enquanto os motoristas esperam em temperaturas altamente frias para cruzar a fronteira com a Ucrânia. Segundo Sergei Derkach, Varsóvia ficou parada enquanto as autoridades locais ajudavam os manifestantes, e as entregas de ajuda humanitária estavam interrompidas.
Os motoristas da Polônia e de outros Estados-membros do leste da União Europeia se queixam do que chamam de concorrência desleal dos transportadores da Ucrânia. Eles exigem que as restrições ao movimento de veículos de carga que saem da Ucrânia sejam reimpostas. No entanto, Kiev discorda de que tenha culpa, com Rafal Weber, vice-ministro da Infraestrutura polonês, contando à Bloomberg que tem entrado em contato com os manifestantes para resolver a disputa.
"Essa é a reação do atual governo: eles dizem que não apoiam os protestos, mas não fazem nada a respeito", disse Derkach.
"É uma situação desumana", resumiu ele, detalhando que três das quatro passagens para caminhões com carga estão agora bloqueadas.
A Comissão Europeia chamou o impasse de "muito terrível". Ela tentará facilitar as negociações entre a Polônia, a Ucrânia e os manifestantes, avançou Adalbert Jahnz, porta-voz da entidade.
O evento aumenta as tensões entre a Ucrânia e a Polônia, apesar do forte apoio militar de Varsóvia a Kiev contra Moscou. A decisão da Polônia de proibir as importações de grãos ucranianos neste ano, em resposta à queda dos preços, desencadeou um braço-de-ferro entre os dois governos.