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Casa Branca sob racha: cisão interna sobre guerra de Israel em Gaza tumultua gestão de Biden nos EUA

Divisões internas na Casa Branca sobre a situação da guerra de Israel contra Gaza têm tumultuado a administração do presidente dos EUA, Joe Biden, segundo reportagem do jornal Washington Post, divulgada neste domingo (26). O conflito prejudicou a posição global dos Estados Unidos, de acordo com principais assessores do mandatário norte-americano.
Sputnik
A matéria afirma que cerca de 20 integrantes da Casa Branca solicitaram reunião recentemente com os principais assessores de Biden para solicitar informações sobre a estratégia do governo norte-americano para reduzir o número de mortes de civis em Gaza, a mensagem que planejava enviar sobre o conflito e visão pós-guerra para a região.

"A reunião não divulgada anteriormente destaca como a abordagem de Biden para o que é, sem dúvida, a maior crise de política externa de seu mandato, está dividindo uma Casa Branca que se orgulha de conduzir uma operação disciplinada e unida", diz a reportagem.

Mesmo os principais assessores de Biden reconhecem que o conflito prejudicou a posição global do país.

"Estamos enfrentando muitas dificuldades em nome de Israel", disse um alto funcionário ao jornal.

A guerra que Israel deflagrou contra a Faixa de Gaza tumultuou a administração mais do que qualquer outra questão nos primeiros três anos de Biden no cargo, de acordo com numerosos assessores e aliados dentro e fora da Casa Branca entrevistados pelo jornal.

Muitos funcionários mulçumanos "enfrentaram pressão de familiares e amigos para renunciar, em protesto". Os que permanecem "disseram ter perdido a fé de que poderiam influenciar a posição da administração".

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A adesão inabalável de Biden a Israel e seu apego pessoal ao Estado judeu são considerados por muitos funcionários algo "perturbador", disseram as dezenas fontes ouvidas pela reportagem.

"O compromisso histórico pessoal do presidente com Israel não foi modulado pela realidade de que Israel tem um governo que é o pior governo que já existiu", disse um aliado da administração.

O apoio irrestrito à campanha militar israelense, que matou mais de 14 mil palestinos, deslocou centenas de milhares de outros e criou uma catástrofe humanitária, prejudicou a autoridade moral dos EUA em grande parte do mundo, acrescenta o texto jornalístico.
Apesar do forte lobby das organizações pró-Israel em Washington, a crescente comunidade árabe-americana em estados-chave para a vitória na próxima eleição presidencial está levando analistas democratas a questionarem a estratégia convencional da Casa Branca.

"Se no início do conflito tivéssemos uma abordagem mais matizada para isso, a administração poderia ter se distanciado de maneira mais segura diplomaticamente e politicamente", disse Steven Cook, pesquisador sênior de estudos do Oriente Médio e África no Conselho de Relações Exteriores. "A estratégia de não deixar espaço está causando muitos problemas para eles."

A matéria cita uma tensa reunião entre assessores da Casa Branca e palestino-americanos que encerrou com líderes indignados que declararam organizar suas comunidades a não votar em Biden nas eleições de 2024.
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Um número crescente de diplomatas americanos, oficiais de defesa e trabalhadores humanitários também tem pedido cessar-fogo, incluindo mais de mil funcionários da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). No Departamento de Estado, houve múltiplos pedidos de diplomatas instando a administração a usar mais influência para interromper a violência.
A pausa humanitária iniciada na última sexta-feira (24) freou a operação das Forças de Defesa Israelenses em Gaza, onde quase 2 milhões de palestinos vivem sob restrições aéreas, fronteiriças e marítimas.
As autoridades israelenses afirmam que o conflito pode durar um ano ou mais, o que deve prejudicar ainda mais a situação política do atual governo dos EUA.
"O problema deles, que é o problema desde o primeiro dia, é que os israelenses não têm uma estratégia para fazer o que querem fazer sem prejudicar, matar e expulsar muitos palestinos de Gaza", disse um conselheiro externo. "Eles precisam ir para o sul e fazer a mesma coisa. Eu não sei como fazer isso com mais de 2 milhões de pessoas no sul."
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