Panorama internacional

Paquistão deseja maior influência global ao querer entrar no BRICS já em 2024, dizem analistas

O Paquistão quer oficialmente aderir ao BRICS em 2024. O anúncio foi feito na semana passada pelo embaixador do país na Rússia, Muhammad Khalid Jamali, que afirmou que o país sul-asiático está entrando em contato com os países-membros para angariar apoio à sua candidatura.
Sputnik
A partir de janeiro de 2024, a Argentina, a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia e o Irã se juntarão ao Brasil, à Rússia, à Índia, à China e à África do Sul na nova composição do BRICS.
Como quase todos os seus vizinhos — Índia, China e Irã — são ou serão parte do bloco, não é uma surpresa que o Paquistão queira entrar no BRICS, uma vez que desempenha um papel-chave na geopolítica regional. Mas será que só isso explica o desejo do país de entrar no grupo geopolítico?
Especialistas ouvidos pela Sputnik explicam o que mais motiva o Paquistão a se juntar ao BRICS.

Os benefícios de entrar no BRICS

"O BRICS representa 40% da população global. O Paquistão, como muitos outros países, manifestou interesse em aderir e contatou a Rússia, em particular, para o apoio à sua candidatura de adesão", disse um diplomata sênior da Embaixada do Paquistão em Moscou à Sputnik.
Desde a sua criação em 2001, o BRICS tem como objetivo promover a cooperação, o crescimento econômico e a influência entre os seus países-membros. Uma das principais vantagens de aderir ao BRICS é o seu poder econômico coletivo. Seus membros contam com vastas populações e recursos abundantes, contribuindo coletivamente com 31,5% do produto interno bruto (PIB) mundial.
Com os novos membros, a partir de 2024, espera-se que o bloco contribua com mais de 50% do PIB global até 2030, superando significativamente o G7, grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
Assim, para o Paquistão, tornar-se membro significa, acima de tudo, um aporte de influência dessas nações, podendo negociar em termos mais favoráveis com instituições financeiras e nas relações comerciais.
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O ex-gerente e analista da Engro Corporation, o doutor Shahid Rashid, disse à Sputnik que tornar-se membro do BRICS pode ajudar o Paquistão a reduzir a dependência dos mercados ocidentais tradicionais e crescer a partir da base de consumidores de outros países-membros.
"As políticas dos Estados Unidos e dos [seus] aliados ocidentais não se baseiam na prosperidade das economias em desenvolvimento, mas sim na hegemonia e no controle dessas nações", afirmou.
"Considerando que o BRICS, constituído maioritariamente por nações em desenvolvimento, visa alcançar a prosperidade econômica, a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) pelos membros do BRICS visa apoiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento sustentável nas economias emergentes. Portanto, essa iniciativa pode ajudar o Paquistão, promovendo o crescimento econômico e a prosperidade financeira", explicou Rashid.
Além disso, a entrada de países ricos em petróleo como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Irã ao BRICS no próximo ano reduzirá gradualmente a dependência do dólar americano a nível mundial, além do fato de que o bloco quer desenvolver sua própria moeda para conduzir transações.
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"O BRICS irá em breve negociar ouro ou em sua própria moeda, e isso pode trazer benefícios infinitos para o Paquistão, pois abre mais oportunidades para desenvolver e fortalecer as relações comerciais bilaterais com essas nações ricas em petróleo", analisou.
Além disso, tornar-se membro poderia trazer mais investimento para o país, aumentando assim as oportunidades de emprego e reduzindo o desemprego e a pobreza.
Para além da economia, o BRICS forneceu uma plataforma para os seus países-membros abordarem conjuntamente questões globais e trabalharem juntos para reformas em organizações internacionais.
"Como frente unida em muitos desafios globais, como as alterações climáticas, o extremismo e a pobreza, o BRICS solidificou a influência política dos seus membros na cena global. Para o Paquistão, isso pode significar maior exposição internacional e capacidade de pedir apoio para as reformas necessárias dentro do país", disse o analista.
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