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Caça Gripen NG e KC-390: por que relações entre Brasil e Suécia na venda de aviões são vantajosas

Na última quinta-feira (23) ocorreu no Palácio do Planalto uma reunião entre o presidente Lula e representantes das Forças Armadas e da empresa sueca de defesa Saab. Entre os temas tratados, estiveram presentes o aditivo de 25% no valor do primeiro lote de caças Gripen e a venda de quatro unidades do avião de transporte KC-390, da Embraer.
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Além do presidente brasileiro, estiveram presentes na reunião o ministro da Defesa, José Múcio, o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, o presidente do Conselho de Administração da Saab, Marcus Wallenberg, e o presidente e CEO da Saab, Micael Johansson. É esperado que a venda dos KC-390 seja concretizada apenas no ano que vem.
Embora a transação dos aviões militares venha sendo chamada de "negócio casado" pela mídia, ela não compõe contratualmente o mesmo acordo. Ou seja, trata-se de duas negociações paralelas, explica Marcos José Barbieri Ferreira, economista e especialista em indústria aeroespacial e defesa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sendo que um negócio claramente favorece o outro.
KC-390 (à direita) e Gripen F-39E em 19 de julho de 2023
Para Robinson Farinazzo, analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, essas relações comerciais bilaterais entre Brasil e Suécia são uma boa aposta para ambos os lados, uma vez que dá ao Brasil uma tão necessitada atualização de sua Força Aérea e "impõe a marca da Embraer no resto do mundo".

"[A venda dos KC-390] Traz receitas para o Brasil, aumenta a arrecadação de impostos e impulsiona a indústria aeronáutica. A exportação do KC-390 é muito importante para a consolidação da Embraer."

"São duas transações excelentes", resume Barbieri.

"Até pela própria parceria que a Embraer e a indústria aeronáutica têm, com a indústria aeronáutica sueca. Existe uma parceria muito grande, de técnicos, engenheiros, oficiais, que estiveram na Suécia, e técnicos suecos, que estiveram no Brasil, por conta da transferência de tecnologia."

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Caças suecos Gripen NG têm tecnologia brasileira

A escolha pelo caça Gripen NG (Nova Geração) foi uma escolha certeira da Força Aérea Brasileira (FAB), destaca Barbieri.
Primeiro porque a aeronave é da chamada geração 4,5, uma evolução do antigo modelo Gripen com tecnologias bastante avançadas.
"Grande parte das tecnologias de um caça de 5ª geração o Gripen tem."
F-39E Gripen sobrevoando o Rio de Janeiro (RJ) em 19 de abril de 2021
Em segundo lugar porque ela possui um custo baixo de operação e de manutenção, quando comparada com outros caças que existem no mercado, explicou o especialista em indústria aeroespacial.
No entanto, o grande ponto positivo pela escolha do Gripen foi o fato de que, quando selecionado, ele ainda não estava totalmente pronto.
Isso garantiu que "as empresas brasileiras participassem do desenvolvimento dessa aeronave".

"Então o Gripen NG, apesar de ser uma aeronave de origem sueca, também é uma aeronave que tem uma participação brasileira significativa no desenvolvimento."

Isso deu ao Brasil um domínio da tecnologia que estaria fora de alcance se apenas adquirisse um caça, afirmou o especialista. "Algumas aeronaves vão ser produzidas no Brasil. Parte do desenvolvimento foi feito aqui, a montagem de pelos menos 15 das 36 aeronaves [do primeiro lote] foi feita aqui."
Para Farinazzo, no entanto, a transferência de tecnologia para a FAB ainda poderia ser maior.

"Temos que insistir na fabricação local dessas aeronaves, a gente precisa montar uma subsidiária do motor, dos assentos ejetáveis, do combustível de aviônicos aqui. O Brasil precisa dominar o ciclo de fabricação dessa aeronave para, no futuro, produzir as suas próprias."

Segundo o oficial da reserva da Marinha, as razões para sua insistência vão desde a independência da indústria de defesa brasileira até motivos econômicos. "Todas as vezes que nós compramos material no exterior, nós estamos exportando emprego e exportando PIB", afirmou.

"Não podemos continuar importando poder aeronáutico, porque no dia que alguém se recusar a vender para a gente, a gente não tem mais nada. Temos que ser autossuficientes", analisa Farinazzo.

Quantos caças o Brasil comprou da Suécia?

Para ambos os entrevistados, o pedido adicional de caças Gripen é insuficiente para suprir as necessidades brasileiras.
Inicialmente, a ideia da FAB era realizar três contratados de 36 aeronaves, totalizando 108 caças. No entanto, a crise financeira e orçamentária pela qual o Brasil passou fez com que essa ideia fosse deixada de lado.

"O que está sendo proposto agora, para facilitar do ponto de vista burocrático, é um aditivo de 25% do valor do contrato, o que daria, segundo estimativas, 14 aeronaves", explicou Barbieri.

Isso aumentaria a quantidade de caças Gripen para 50.
No entanto, para o professor da Unicamp, o ideal para as necessidades brasileiras é que a FAB recebesse algo próximo de 100 aeronaves, como previsto no início da licitação.
A preocupação é compartilhada por Farinazzo, que ainda vê nos números iniciais um valor baixo. "Ainda é pouco para as necessidades do Brasil", disse.
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KC-390 da Embraer: plataforma brasileira robusta que avança na Europa

Paralelamente ao aditivo, o Ministério da Defesa e a Embraer estão negociando com a Saab, empresa sueca fabricante do Gripen, a venda de quatro modelos da aeronave de transporte militar KC-390.
Para Farinazzo, a venda do KC-390 à Suécia consolida ainda mais a marca da Embraer no mundo. "O KC é uma plataforma robusta", explica, "uma aeronave média com muitas capacidades. E a Embraer pode produzir outras versões".

"Quando você consolida uma marca de um determinado produto, esse produto se sai muito bem, esse produto tem um sucesso de venda, você está abrindo portas para vender outros produtos da mesma marca", disse Farinazzo.

O cargueiro da Embraer vem ganhando bastante espaço no mercado mundial, já com contratos de venda fechados com Portugal, Hungria, Áustria e Países Baixos. "Países que, embora relativamente pequenos, possuem forças aéreas reconhecidas pela excelência na operação", destacou Barbieri.
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Hoje o principal concorrente direto do KC-390 é o C-130 Hercules, da norte-americana Lockheed Martin, cujas frotas no momento se encontram envelhecidas. "O KC tem boas chances de tomar esse lugar", ressaltou o oficial da reserva da Marinha.

"A Embraer e o Brasil têm muito a ganhar com essa conquista que está tendo no mercado europeu de aeronaves de transporte."

Nesse sentido, os acordos que estão sendo costurados pelo governo federal são "extremamente vantajosos" para o Brasil, aponta Barbieri.

"O Gripen vai ser produzido no Brasil, com mais transferência de tecnologia, com mais geração de emprego, e o KC-390 também vai ser produzido, e gerando empregos e impostos no Brasil. Fora as questões de defesa, de se ter um caça bom como o Gripen e do KC-390 ser uma aeronave importante muito bem aceita."

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