A escalada de violência das tropas israelenses na região provocaram o óbito do adolescente Amir Wahdan, de apenas 14 anos, em Tubas, no norte da Cisjordânia. O Exército israelense alegou que entrou na região para prender "dois suspeitos procurados" pelo país judeu.
Conforme a AFP, durante a atuação das forças, jovens começaram a jogar pedras contra veículos das FDI, que reagiu com armas de fogo. Já o Exército israelense afirmou que foi recebido por "vários homens armados abrindo fogo contra as forças de segurança, que responderam".
Já em Ramallah, cidade-sede da Autoridade Nacional Palestina, outro jovem faleceu: Malik Deghreh, de 17 anos, também após disparos de militares. Segundo testemunhas, pelo menos quatro balas atingiram a vítima.
As tropas entraram em uma aldeia na região para fazer buscas. Desde a última sexta (24), jovens palestinos se reúnem todas as noites para receber os prisioneiros libertados por Israel em troca do grupo de reféns raptado pelo Hamas no dia 7 de outubro. O acordo entre o movimento e o país judeu que levou ao cessar-fogo temporário prevê a libertação de cerca de 50 pessoas de Gaza e pelo menos 150 palestinos que estavam detidos em Israel.
Na noite de segunda (27), um jovem palestino foi morto em Beitunia, uma vila entre a prisão israelense de Ofer e Ramallah. Conforme a Autoridade Nacional Palestina, nas ocasiões, as Forças Armadas de Israel dispararam bombas de gás lacrimogêneo e até armas de fogo contra o público, o que também provocou dezenas de feridos. Já as FDI disseram que são técnicas de dispersão e "fogo real".
A violência explodiu na Cisjordânia — ocupada por Israel desde 1967 — após os ataques de 7 de outubro ao sul de Israel pelo Hamas, que deixaram 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses. A retaliação israelense na Faixa de Gaza já deixou mais de 16 mil palestinos mortos.
Apesar de não estar diretamente na guerra, a Cisjordânia já registrou mais de 230 mortes de palestinos por soldados e colonos israelenses, segundo o Ministério da Saúde local.
Preocupação internacional
Em outro sinal de crescente preocupação internacional sobre a escalada da guerra, especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) também apelaram nesta semana para investigações independentes sobre crimes contra a humanidade cometidos em Israel e nos territórios palestinos.
Morris Tidball-Binz, relator especial das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais, e Alice Jill Edwards, relatora especial sobre tortura, emitiram uma declaração conjunta sublinhando a necessidade de "investigações rápidas, transparentes e independentes".
O conflito entre Israel e Palestina, relacionado a interesses territoriais das partes, tem sido uma fonte de tensão e de combate na região há muitas décadas. Uma decisão da ONU em 1947 determinou a criação de dois Estados, mas apenas o israelense foi criado.