Panorama internacional

Ex-secretário dos EUA e Nobel da Paz, Henry Kissinger morre aos 100 anos

O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1973, Henry Kissinger, morreu aos 100 anos, de acordo com informações divulgadas em seu site oficial.
Sputnik
Henry Alfred Kissinger, figura relevante no cenário político internacional, deixou legado com suas contribuições para o discurso político contemporâneo e o campo das relações internacionais.
As contribuições de Kissinger como secretário de Estado incluem apoio a Israel durante a Guerra Árabe-Israelense de 1973, missões de diplomacia por todo o Oriente Médio, além do estabelecimento de relações com a China e a busca por uma política de détente com a União Soviética, incluindo acordos nucleares.
Ele morreu em sua casa, no estado americano de Connecticut, e a causa não foi divulgada, conforme divulgou a Kissinger Associates Inc., sua empresa de consultoria.
"Henry A. Kissinger foi o 56º secretário de Estado, um respeitado estudioso norte-americano e laureado com o Prêmio Nobel da Paz, que ajudou a criar a ordem mundial pós-Segunda Guerra Mundial e liderou os Estados Unidos por alguns de seus desafios de política externa mais complexos", destacou a informação no site oficial.
Durante seu mandato, ele desempenhou papel crucial em momentos históricos, moldando a postura americana em questões fundamentais de política externa.
Ele também foi arquiteto da abertura de relações entre os EUA e a China, estabelecendo uma dinâmica que continua a moldar a política global até os dias de hoje.
Nos últimos anos, o ex-secretário se posicionou sobre diferentes questões da geopolítica contemporânea — por exemplo, ele considerou que incluir a Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) não seria uma decisão sensata aos estadunidenses.
Ele também havia declarado que o prolongamento das tensões poderia levar a uma maior escalada e que a crise deveria ser resolvida por meio de negociações.
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Trajetória de Kissinger na diplomacia

Nascido em Furth, Alemanha, em 27 de maio de 1923, com o nome Heinz Alfred Kissinger, ele imigrou para os EUA com sua família em 1938, diante da crescente ameaça do Terceiro Reich de Adolf Hitler. Naturalizou-se americano em 1943 e serviu no Exército dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial, destacando-se pelo seu papel na inteligência devido à sua fluência em alemão.
Após a guerra, iniciou carreira acadêmica na Universidade de Harvard, com bacharelado, mestrado e doutorado em ciência política. Sua proximidade com os círculos intelectuais o levou a aconselhar a administração Eisenhower e colaborar com o líder republicano Nelson Rockefeller.
A ascensão de Kissinger foi notável ao tornar-se o principal assessor de política externa de Richard Nixon, mesmo com seu forte sotaque e o antissemitismo do presidente. Em 1973, tornou-se o primeiro secretário de Estado nascido fora dos EUA.
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Durante seus oito anos no cargo, Kissinger moldou a política externa americana com a "realpolitik".
Após a queda de Nixon devido ao escândalo Watergate, Kissinger tornou-se figura ainda mais proeminente, sendo considerado a pessoa mais admirada nos EUA em 1975. Sua influência estendeu-se ao Brasil, onde forjou laços com líderes políticos e expressou apreço pelo país.
Em 1973, ganhou o Prêmio Nobel, dividido com o principal diplomata vietnamita Le Duc Tho (que rejeitou a premiação), em decorrência do cessar-fogo no Vietnã.
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Ele também se notabilizou pelo apoio ao Paquistão contra a Índia na guerra de 1971 que resultou na formação de Bangladesh.
Kissinger continuou a ser ativo após deixar o governo, fundando empresas de consultoria e contribuindo para questões internacionais. Sua expertise continuou sendo buscada em momentos críticos, como na investigação dos ataques de 11 de setembro.
Houve tentativas de fazer com que ele respondesse na Justiça por ações cometidas por agentes oficiais norte-americanos durante o período que atuou como secretário de Estado, principalmente no Chile, durante o golpe contra Salvador Allende, e no início da ditadura de Augusto Pinochet. No entanto, nunca prosperaram.
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