Ela alegou inadequação no cumprimento das funções do chefe militar. As críticas incomuns de Bezúglaya ao comandante-chefe continuaram esta semana, levantando dúvidas sobre se a iniciativa é pessoal ou segue diretrizes do entorno do presidente ucraniano.
Desde o último domingo (26), Bezúglaya tem criticado duramente Zaluzhny em suas redes sociais, alegando a falta de um plano estratégico para 2024 e acusando-o de transferir responsabilidades para o gabinete presidencial em situações desconfortáveis.
Suas declarações receberam críticas da sociedade ucraniana, que a acusa de minar a confiança nas Forças Armadas do país. Alguns membros de seu partido também condenaram suas palavras, apoiando a ideia de sua destituição.
Segundo publicou o site ucraniano Strana, a decisão sobre as consequências das declarações de Bezúglaya será tomada pelo círculo próximo de Zelensky e seu chefe de gabinete, Andrei Yermak. Até o momento, nem o presidente e tampouco seus assessores reagiram ao incidente.
Apesar de Bezúglaya negar coordenação com a presidência, especula-se na sociedade ucraniana que suas palavras podem ser o início de uma campanha para desacreditar a liderança militar, indicando uma possível destituição de Zaluzhny por Zelensky.
Ucrânia: a divergência entre Zelensky e seu principal general
O desacordo entre o presidente e o comandante-chefe veio à tona em outubro, quando Zaluzhny indicou que a operação militar estava prestes a terminar. Zelensky discordou, insistindo que as tropas ucranianas são capazes de ganhar.
O recente reconhecimento público do líder militar de que Moscou está em uma posição vantajosa no conflito acrescentou tensão.
Rumores sobre demissões de altos militares, incluindo ele, foram confirmados pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov.
Em meio às tensões, surgiram relatos de que, nas eleições de março de 2024, Zaluzhny poderia concorrer à presidência contra o atual presidente da Ucrânia. Embora o comandante ainda não tenha manifestado tal intenção, há preocupações de Zelensky sobre uma possível perda de apoio.
No começo de novembro, Zelensky anunciou o cancelamento das eleições presidenciais no país, sob alegação de que o pleito democrático não seria "o momento para grandes ações".
Diante dos rumores de um possível governo militar, Zelensky apontou para uma suposta necessidade de que eles ficassem fora da política. Em entrevista recente, afirmou que, em tempos de guerra, não há espaço para discussões sobre hierarquia.
O secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa de Ucrânia, Aleksei Danilov, também destacou que "pessoas que não acreditam na [suposta] vitória [da Ucrânia] não têm lugar no poder".