O Catar é um dos principais mediadores a possibilitar a trégua humanitária na região, que ocorreu há uma semana para libertar de reféns e, também, entregar — de forma mais intensa — alimentos, remédios, água e combustível.
Desde o início do cessar-fogo temporário, na última sexta (24), 101 pessoas já foram libertadas por militantes do movimento, mantidas reféns desde o dia 7 de outubro, quando o ataque-surpresa do Hamas que deixou 1,2 mil pessoas mortas fez Israel declarar guerra em Gaza. Outras 111 pessoas, entre eles um brasileiro, seguem sob o poder do grupo.
A Sputnik Brasil questionou o Ministério das Relações Exteriores sobre a identidade do refém, mas ainda aguarda retorno. De acordo o presidente, a vítima pode ser libertada nos próximos dias.
O emir Tamim bin Hamad al-Thani é a autoridade máxima do Catar, país que no ano passado recebeu a Copa do Mundo. "Encontrei o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, em Doha. Entre os assuntos, as relações comerciais e de investimento crescentes entre Brasil e Catar e a paz no mundo. Agradeci o emir por seu grande esforço no cessar-fogo e na libertação de reféns entre Israel e Hamas, e a ajuda dele na liberação dos brasileiros em Gaza", disse Lula na rede social X (antigo Twitter).
Conforme Lula, ainda há um grupo de brasileiros na Faixa de Gaza, onde mais de 16 mil pessoas já morreram por conta do intenso conflito, que aguarda liberação de Israel para deixar o território. Além disso, o presidente lembrou que o Catar é uma das principais portas de entrada para os negócios brasileiros e conta com empresários com elevado interesse pelo país.
"Nosso país, como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos, vem contribuindo de modo constante para a segurança alimentar catariana", acrescentou.
Participação na geopolítica mundial
Em conversa com a imprensa após o encontro, Lula pontuou ainda que o Brasil voltou a participar da geopolítica mundial e lembrou que quando foi ao Catar pela primeira vez, em 2010, a balança comercial com o país era de US$ 36 milhões (R$ 177,4 milhões), valor que saltou para US$ 1,6 bilhão (R$ 7,8 bilhões) este ano, com foco em pesquisas, exploração de petróleo, reflorestamento e manutenção da agricultura de baixo carbono.
Desde o início da semana, Lula cumpre agenda de reuniões com lideranças e empresários do Oriente Médio na Arábia Saudita e no Catar. Na sequência, o presidente brasileiro participa da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28).
"É preciso que as lideranças políticas do mundo tomem decisões mais corajosas e mais rápidas. Precisamos ter uma governança global para ajudar a cuidar do planeta. Se você toma uma decisão qualquer em benefício do mundo e ela tiver que ser votada internamente pelo seu Congresso Nacional, significa que ninguém vai cumprir", disse.