A abertura da Cúpula Social do Mercosul teve início na manhã desta segunda-feira (4), no Rio de Janeiro, com participação de autoridades do governo federal e de entidades de defesa dos direitos humanos. O evento ocorreu no Museu do Amanhã, na Zona Portuária da cidade, e marca o início da 63ª Cúpula do Mercosul.
Participaram da cerimônia de abertura as ministras Cida Gonçalves (Ministério das Mulheres), Anielle Franco, Maria Fernanda Coelho (Secretaria-Geral da Presidência da República) e Fernanda Machiavelli (ministra em exercício do Ministério do Desenvolvimento Agrário), a embaixadora Gisela Padovan (secretária de América Latina e Caribe no Ministério das Relações Exteriores), o deputado Arlindo Chinaglia, representante do Parlasul, o secretário de Estado de Governo do Rio de Janeiro, Bernardo Rossi, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes.
Eduardo Paes abriu o evento com um breve discurso. Ele agradeceu às autoridades presentes e destacou a importância do evento, especialmente após o que ele classificou como período conturbado em relação à democracia vivenciado no Brasil e em outros países da América Latina.
Em seguida, discursou Arlindo Chinaglia. Assim como Paes, ele destacou a importância do evento para a democracia e afirmou que a cúpula atual ocorre após um hiato de sete anos. "É um pequeno avanço, mas precisamos ir além", disse o deputado.
Chinaglia criticou o fato de haver fome na América do Sul e lembrou que o continente "bate recorde de produção de alimentos". Ele também abordou o imbróglio envolvendo o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE), que tem sido travado por exigências impostas por países europeus, especialmente a França, relativas à questão ambiental. "Não aceitamos precondições em relação ao meio ambiente, somos países soberanos", declarou Chinaglia.
Em seu discurso, a ministra Anielle Franco disse que "a criação do Ministério da Igualdade Racial é uma das importantes marcas da recondução da democracia no Brasil desde 1º janeiro de 2023". Ela afirmou que a Cúpula Social marca a retomada da participação da sociedade civil nas decisões do Mercosul, após sete anos de interrupção.
"Essa premissa democrática é uma característica do Mercosul, criado como bloco comercial, mas que sempre demonstrou disposição para avançar nos debates e reflexões sobre as políticas sociais", disse a ministra.
Ela acrescentou que "a democracia é a base do diálogo" e ressaltou que questões sociais, como combate ao racismo, à xenofobia e à desigualdade, são parte importante do desenvolvimento de Estados. "Com racismo, xenofobia e desigualdade também não existe desenvolvimento econômico."
Em coletiva a jornalistas após a cerimônia de abertura, a ministra em exercício Fernanda Machiavelli disse que com a Cúpula Social "o governo brasileiro mostra que a participação social é retomada como um método de governar não só na política interna, mas também em toda a agenda externa".
"E aí [entra] a discussão do Mercosul como um bloco fundamental do nosso processo de cooperação, da cooperação Sul-Sul, da cooperação internacional e, inclusive, fortalecendo as políticas públicas em várias áreas, como a agricultura familiar, que tem um papel também bastante importante nessa integração dos nossos comércios e também dos nossos povos."
A embaixadora Gisela Padovan abordou, na coletiva, a questão do acordo entre Mercosul e UE, ao ser questionada sobre o
posicionamento do presidente francês, Emmanuel Macron, que no último sábado (2), após uma reunião com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à margem da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos,
disse ser contra o acordo, classificando-o como antiquado.
A Cúpula Social terá duração de dois dias (4 e 5). No dia 6 ocorre a reunião do Conselho do Mercado Comum.
O evento culmina na Cúpula de Líderes, marcada para quinta-feira (7), que deve contar com a presença do presidente Lula e de chefes de Estado de
países do Mercosul.