Segundo afirma o jornal italiano Corriere della Sera, após semanas de negociações confidenciais, a Itália comunicou, há três dias, seu desejo de sair do projeto chinês. Conforme os termos assinados pelo então primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, e o presidente chinês, Xi Jinping, a presença da Itália no megaprojeto seria renovada automaticamente em março de 2024.
O abandono do projeto foi feito sem anúncios à imprensa por parte dos governos italiano e chinês. A saída italiana já era debatida há alguns meses por autoridades governamentais.
A Itália entrou na iniciativa quatro anos atrás, em 2019, quando Conte e Xi Jinping assinaram um memorando que colocava o país europeu dentro do projeto. O documento previa acordos de até 20 bilhões de euros (R$ 106 bilhões) entre as duas nações.
O país foi o único do G7, grupo dos sete países ocidentais mais industrializados, a participar da estratégia chinesa. Interna e externamente sua presença na Iniciativa Cinturão e Rota foi criticada. Aliados da União Europeia e dos Estados Unidos viam no projeto uma forma de Pequim exercer influência geopolítica na Europa através da Itália.
Enquanto isso, internamente, políticos italianos como o ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, e o ministro da Defesa, Guido Crosetto, se pronunciaram publicamente contra a presença italiana no megaprojeto. Para Tajani, a Itália não obteve vantagens em sua participação no Cinturão e Rota, enquanto para Crosetto o acordo foi um ato "improvisado e atroz".
Até a atual primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou diversas vezes que o acordo foi um "grande erro" que ela pretendia corrigir. Contudo, em uma carta que versa sobre a desistência, Meloni reafirma seu desejo de desenvolver uma parceria estratégica entre os dois países.
Cinturão e Rota garantiu R$ 5 trilhões em investimentos chineses
A Iniciativa Cinturão e Rota é a grande iniciativa de cooperação internacional criada pela China. A ideia do programa é conectar países de diferentes partes do mundo através de novas redes de transporte e telecomunicações.
A iniciativa de infraestrutura global já garantiu investimentos de quase US$ 1 trilhão (R$ 4,9 trilhões) nos últimos dez anos e já finalizou mais de 3 mil projetos, como ferrovias, pontes, aeroportos, estações elétricas e torres de telecomunicações.
Ao todo, mais de 140 países e 30 organizações internacionais participaram do último encontro do Fórum do Cinturão e Rota, realizado em 17 e 18 de outubro.