A exportação japonesa de um caça de próxima geração em desenvolvimento pela Itália, Reino Unido e o Japão fica em dúvida após um parceiro da coalizão governista do premiê Fumio Kishida ter criticado o projeto, relatou na quinta-feira (7) a revista japonesa Nikkei Asia.
A divergência aconteceu após uma reunião de quarta-feira (6) entre um grupo de trabalho formado por membros do Komeito e do Partido Liberal Democrático governista, que discutiram possíveis mudanças nas regras de exportação de defesa do Japão.
Em particular, o Komeito critica a intenção do Partido Liberal Democrático de permitir o envio da aeronave a parceiros no Sudeste Asiático, para reforçar a "dissuasão" contra a atividade militar chinesa, escreve a Nikkei Asia. Tais ações "seriam um grande desvio da linha anterior e devemos ser cautelosos", disse na sexta-feira (1º) Keiichi Ishii, secretário-geral do Komeito, a jornalistas.
De acordo com as diretrizes atuais, o Japão só pode exportar equipamentos de defesa desenvolvidos em conjunto com países parceiros para esses mesmos países. Eles precisam de aprovação prévia do Japão para exportar o equipamento para um terceiro país.
Tal acontece apesar de um resumo das discussões compilado em julho indicar que uma "maioria" dentro da coalizão governista apoiava as exportações de defesa para um terceiro país, inclusive com aprovação pelos líderes do Komeito, algo pelo qual o Partido Liberal Democrático repreende seu parceiro governamental.
Atualmente alguns membros do Komeito expressam preocupação de que a guerra entre Israel e o Hamas permitiria a proliferação mundial de equipamentos japoneses em guerras, mesmo com a proibição existente contra exportações para países envolvidos em conflitos em andamento.
O Reino Unido já mencionou suas preocupações com esta questão. Julia Longbottom, embaixadora britânica no Japão, transmitiu na sexta-feira (1º) as preocupações ao ex-ministro da Defesa japonês Itsunori Onodera, que lidera o grupo de trabalho.
Uma empresa do Reino Unido também teria alertado um legislador do Komeito que a reputação dos caças poderia sair prejudicada se o Japão não puder exportá-los para terceiros países, e que isso também afetaria as empresas britânicas e italianas envolvidas. As empreiteiras de defesa japonesas também estão preocupadas.