De acordo com o órgão, técnicos seguem no local para avaliar os danos causados pelo rompimento.
A mineradora realizava a extração de sal-gema, usado para a fabricação de PVC, e cinco bairros foram desocupados por conta da possibilidade de colapso nas estruturas. A Defesa Civil de Maceió ainda informou que não há risco para a população.
Em nota, a Braskem informou que "câmeras que monitoram o entorno da cavidade 18 registraram movimento atípico de água na lagoa Mundaú, no trecho sobre esta cavidade". A empresa acrescentou ainda que toda a área é monitorada nos últimos dias.
"Movimento semelhante ocorreu por volta das 13h45. O sistema de monitoramento de solo captou a movimentação por meio de DGPS instalados na região. As autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas", explicou.
O momento do rompimento na lagoa foi divulgado pelo prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL). Nas imagens, um redemoinho é formado nas águas do manancial, que era usado como fonte de renda para milhares de pescadores e marisqueiras.
O que é a mina da Braskem?
A Braskem é uma das maiores mineradoras do mundo e atuava em 35 minas em Maceió para a exploração do sal-gema, usado na indústria química. Porém, a atividade provocou instabilidade do solo, que já cedeu mais de dois metros da região.
A empresa paralisou as atividades no município em 2019, um ano após a descoberta dos riscos de rompimento em Maceió. Mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados na região e pelo menos 200 mil pessoas foram afetadas.
Estudos apontaram que falhas graves no processo de mineração levaram à instabilidade do solo e em 2020 as primeiras desocupações começaram em três bairros por conta de tremores de terra que abalaram a estrutura dos imóveis.
Nas últimas semanas, o risco iminente de colapso tem mobilizado autoridades, com afundamento do solo acumulado de mais de 2 metros.
'Genocídio social'
Em entrevista à Sputnik Brasil nesta semana, o geógrafo Marcelo Wermelinger, professor da Estácio, alertou sobre a grave situação em Maceió. A discussão girou em torno do iminente colapso resultante da exploração mineral que acontece na região desde os anos 1970.
De acordo com Wermelinger, a exploração, inicialmente autorizada, ocorreu em profundidades significativas, mas os estudos subestimaram a interferência no meio urbano. O solo, comprometido pela mineração, tem gerado subsidência, resultando em riscos de desmoronamento e forçando a evacuação de comunidades inteiras na capital de Alagoas.