"Permitam-me recordar que o Conselho Europeu debaterá [na quinta e sexta-feira, 14 e 15 de dezembro] a abertura das negociações de adesão, e não a adesão em si, o que, em qualquer caso, levará tempo. E, claro, a adesão só poderá ocorrer assim que todas as condições para adesão forem atendidas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, reiterou que seria irresponsável se a comissão iniciasse agora negociações sobre a adesão da Ucrânia à UE.
A Hungria bloqueia a oitava parcela de ajuda militar a Kiev do Fundo Europeu de Apoio à Paz, no valor de € 500 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões), bem como os pacotes de apoio militar de € 20 bilhões (aproximadamente R$ 106,5 bilhões) e € 50 bilhões (mais de R$ 266,2 bilhões) de apoio macrofinanceiro da UE para 2024-2027. Além disso, Budapeste se opõe ao início das negociações de adesão da Ucrânia ao bloco.
Por sua vez, Dmitry Kuleba ficou indignado porque, segundo ele, a Ucrânia cumpriu todas as condições e instou a UE a "jogar limpo".
"Todas as principais recomendações da Comissão de Veneza foram incorporadas na legislação ucraniana. [...] Podemos pular e dançar, se for necessário fazê-lo adicionalmente. [...] Mas temos que jogar limpo. Se quisermos, dizem que façamos algo e fazemos, isso deve ter o seu resultado", afirmou.
Foi assim que Kuleba respondeu à questão de saber por que razão Kiev assume que as reformas realizadas são suficientes para satisfazer os pedidos da Hungria.
No dia 8 de novembro, a Comissão Europeia recomendou o início de negociações de adesão à UE com a Ucrânia e a Moldávia e condicionou a adoção do quadro de negociação ao cumprimento de várias condições por Kiev e Chisinau. A decisão formal de iniciar o processo de negociação será debatida pelos chefes de Estado e de governo na cúpula da UE que vai se realizar em Bruxelas nos dias 14 e 15 de dezembro. No entanto, qualquer decisão do bloco só pode ser adotada por unanimidade entre todos os atuais membros da UE.
No início de outubro, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou em entrevista ao Spiegel que a Ucrânia poderá aderir ao bloco em 2030 se reunir todas as condições exigidas, embora não seja uma tarefa fácil, e lembrou que vários países dos Bálcãs esperam pela sua adesão há 20 anos.
Em 28 de fevereiro de 2022, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, assinou o pedido de adesão da Ucrânia à UE. Em uma cúpula realizada em Bruxelas, em junho de 2022, os chefes de Estado e de governo da UE aprovaram a concessão do estatuto de candidatas à Ucrânia e à Moldávia. A Comissão Europeia estabeleceu sete condições, incluindo a reforma judicial, que é a mais complexa: o governo ucraniano deve reformar o Tribunal Constitucional, completar as mudanças no Conselho Superior de Justiça e na Comissão Superior de Qualificação de Juízes, bem como continuar a luta contra a corrupção.